Revista Brasil Energia | Rio Oil and Gas 2022

Investimentos em infraestrutura podem reduzir gargalos logísticos

Aumento dos modais ferroviários, dutoviários e de cabotagem são importantes para o crescimento do Brasil e para a transição energética

Por Fernanda Legey

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No segundo dia da Rio Oil & Gas 2022, realizado na terça-feira (27), os painelistas concordaram que o gargalo logístico pode promover a competição entre os agentes e a redução de custos a partir de investimentos em infraestrutura, sendo estes importantes, também, para uma transição energética responsável e planejada.   

O painel “A expansão da infraestrutura logística na promoção da concorrência e competitividade” teve como convidados Bruno Eustáquio, secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura; Camila Affonso, sócia executiva da Leggio Consultoria; Heloísa Borges Esteves, diretora de Estudos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis na Empresa de Pesquisa Energética (EPE); Marcelo Bragança, vice-presidente de operações e logística da Vibra Energia e Victor Bomfim, CEO da Vast Infraestrutura

O secretário do MInfra apontou que o planejamento nacional do ministério leva em consideração os ditos “corredores estratégicos”, sendo os combustíveis um dos vetores importantes. Ele espera que R$ 200 bilhões sejam investidos nos próximos anos em ferrovias, a partir de aproximadamente 80 pedidos regulatórios em aprovação ou já aprovados, devido ao marco regulatório ferroviário.

Uma das preocupações, segundo Eustáquio, é de inverter o perfil da matriz de transporte, elevando para 31% o número de ferrovias que conduzem os combustíveis. Ele ressaltou que a integração modal (ferrovia, cabotagem, dutos, etc) irá trazer a redução de emissões na cadeia energética brasileira, e que o MInfra está preocupado em retomar as obras inacabadas desses modais, a fim de fazer uma articulação entre o interior e a costa do Brasil.

Por sua vez, a sócia da Leggio apresentou um estudo elaborado junto ao IBP, noticiado anteriormente pelo PetróleoHoje, onde investimentos multissetoriais de aproximadamente R$ 109 bilhões, com acréscimo de R$ 8,7 bilhões em infraestrutura dedicada ao setor, poderão promover a redução anual de R$ 2,6 bilhões no custo total de distribuição de derivados a partir de 2035. Segundo Affonso, o Brasil ainda está em um momento de construção logística, logo os investimentos são importantes.

Já Bonfim argumentou que cabe aos investidores brasileiros investirem na infraestrutura para dar conta do crescimento do mercado, pois a exportação brasileira tem aumentado e, consequentemente, tem feito a operação do Porto do Açu, administrada pela Vast, crescer. A companhia possui um projeto de investimento, anteriormente exposto na Prumo Day, em um parque de tancagem, para realizar conexões dutoviárias que diminuam a pegada de carbono.

Em sua fala, Bragança afirmou que existe a possibilidade de investimento no Terminal Portuário de Santarém da Vibra, com expectativa de mudá-lo de polo secundário para polo primário de distribuição. Além disso, o executivo acredita que não há uma única energia como protagonista, mas uma diversidade de energias, tanto que a Vibra apostou em empresas comercializadoras de energia, de biogás, etanol e na oferta de biocombustíveis avançados. 

O representante da Vibra defendeu que sem uma logística eficiente e uma infraestrutura adequada não há como realizar as operações de distribuição de derivados, e que é necessário um ambiente estável para essa injeção de capital e para atrair fontes de financiamento competitivas. Bragança também chamou a atenção para os seguintes tópicos, relacionados às propostas de eliminação de gargalo logístico: redução de burocracia, uma atenção pós leilão, preços a mercado e uma segurança jurídica e regulatória.

Transição energética

A importância de uma boa infraestrutura logística para realizar a transição energética foi consenso entre os painelistas. Marcelo Bragança demonstrou que a consistência nas ações é fundamental para a transição, onde boas regulações ajudam, facilitam e aceleram o processo. Ele também defendeu que deve haver uma evolução regulatória precedida do debate com todos os agentes, para que não ocorram confusões.

“Toda transição tem que ser bem planejada e todos os atores têm que ser responsáveis”, disse Victor Bomfim, CEO da Vast. Ele expôs que é necessário pensar em caminhos para descarbonização do setor, além da capacitação visando o futuro.

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