A evolução energética e seus desafios
A indústria de óleo e gás segue relevante nessa transformação que acontece de forma gradual

À medida em que a sociedade se conscientiza da emergência climática e que o planeta toma conhecimento dos desafios das metas de redução de emissão de gases de efeito estufa (GEE) no médio e longo prazos, o tema da Transição Energética vem dando origem a novos conceitos mais abrangentes. Assim surgiram as expressões Transformação Energética, caracterizada pela transição sem retorno, ou a Transição Energética Equilibrada e Justa, em que a demanda do acesso à energia por todos os estratos sociais passa também a ser considerada.
Em outras palavras, não basta que os suprimentos energéticos deixem de produzir efeitos climáticos, mas, além disso, sejam acessíveis no custo e preço para todos, entre pobres e ricos igualmente.
Como representação máxima de um segmento econômico que tanto responde por emissões de GEE nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás, quanto nos produtos que oferece à sociedade, o IBP – Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás - ampliou essa conceituação para o termo Evolução Energética. “Você não destrói uma casa enquanto está construindo uma nova”, ilustra o presidente Roberto Ardenghy.
A indústria de petróleo e gás, afirma, está plenamente engajada na busca por processos e produtos mais limpos e produtos renováveis que emitam menos GEE. Ao mesmo tempo, sendo responsável pela oferta dos principais energéticos que movem o planeta e matérias-primas presentes em praticamente tudo de uma sociedade moderna, precisa continuar garantindo o abastecimento para uma demanda que continua aumentando.
Se os combustíveis fósseis ainda são um dos vetores responsáveis pelo aquecimento global, o carvão, o petróleo e o gás têm diferentes níveis de contribuição de GEE. E é aí que se manifesta mais claramente o conceito da Evolução da Energia. A Índia, por exemplo, vem crescendo a uma taxa de 7% ao ano e, paralelamente, aumentando seu consumo energético per capita. A China é outro grande mercado consumidor em crescimento. Ambos têm sua matriz energética ainda muito dependente do carvão, emitindo, portanto, grandes quantidades de CO2.
No enorme esforço que estão fazendo para reduzirem suas emissões, ao mudarem do carvão para o petróleo, ambos os países estão descarbonizando sua matriz energética e emitindo quantidade menor de CO2. Da mesma forma, a mudança da matriz de consumo menor de petróleo substituído pelo gás menos poluente também representa uma evolução. “O mundo descarbonizado não será um lugar sem hidrocarbonetos”, diz Ardenghy. “Por isso, somos parte da solução para descarbonizar a energia chamada tradicional, e uma solução para um país não necessariamente funciona para outro”.
Ou seja, cada país vive uma realidade particular e complexa para a qual as soluções são diversas. O Brasil, por exemplo, exibe uma das matrizes energéticas mais limpas e renováveis no planeta e, além disso, também produz um dos petróleos mais descarbonizados do mundo, com uma intensidade média de emissão de CO2 de aproximadamente 17 kg por barril de petróleo equivalente (boe), inferior à média global de 20 kgCO2/boe. Campos como Tupi e Búzios, responsáveis por mais de 40% da produção nacional, apresentam uma intensidade ainda menor, de cerca de 10 kgCO2/boe.
Toda a tecnologia de captura e armazenamento primário do carbono foi aperfeiçoada no Brasil, em centros de pesquisa da indústria e das universidades brasileiras. De fato, um dos tripés dessa equação energética será o uso cada vez mais intensivo de tecnologia.
“Os combustíveis fósseis são acessíveis, confiáveis e baratos e precisam ser sustentáveis e descarbonizados. Então, a Evolução Energética representa a chegada de uma outra classe ou outro tipo de energia para ajudar nesse processo de fornecer energia mais limpa para o mundo.”, explica Ardenghy.
O Brasil tem a oportunidade de exportar soluções energéticas descarbonizadas e ser carbono negativo. Para isso, é necessária ainda mais cooperação entre as indústrias e as universidades na busca de novas soluções baseadas na natureza. Esse é um desafio para o país se consolidar como um grande provedor de energia do mundo. Tanto das energias tradicionais quanto das renováveis. Não há dúvida quanto à relevância da indústria de petróleo e gás ainda nas próximas décadas. Hoje, a matriz energética mundial ainda é composta por 80% de fósseis. E, portanto, essa transformação será gradual.
“Para trabalhar mais nesse pilar da eficiência, da sustentabilidade e da disponibilidade, o planeta vai precisar ainda de muita energia, e a indústria de petróleo e gás precisa garantir essa disponibilidade, a qualquer tempo e hora. Precisa ser segura, eficiente, barata e sustentável. Esse é o propósito que a humanidade tem hoje e estamos prontos para cooperar com ele”, defende.
Com a presença de grandes líderes mundiais do setor, o IBP promoveu, recentemente, mais uma edição da Rio Oil & Gas, agora com o nome de ROG.e, sendo que o “e” representa as ‘energias’, ilustrando a necessidade de se unir todos os atores em um cenário de Evolução Energética. O evento reuniu os líderes e autoridades internacionais envolvidos no processo de transformação, como representantes da indústria de renováveis.
Na ROG.e, dos 771trabalhos apresentados, 223 eram ligados aos eixos de Soluções de Baixo Carbono, Pessoas, Cultura e Sociedade e Financiabilidade da Transição. O evento trouxe uma Arena de Renováveis e Biocombustíveis e um espaço de inovação, o iUP Innovation Connections, com uma grande presença de jovens universitários.
“Buscamos mostrar para a sociedade que somos uma indústria que opera com níveis de eficiência e de responsabilidade social ambiental gigantesca. A ROG.e 2024 foi o segundo maior evento de energia do mundo. Menor apenas que a ADIPEC, evento que acontece nos Emirados Árabes Unidos. Temos muito orgulho e muitas responsabilidades agora para realizar a ROG.e 2026, que já está nos nossos pensamentos”, disse Ardenghy.
A ROG.e têm demonstrado o compromisso das empresas ante a realidade de prover e de garantir a demanda pelo petróleo. Os desafios são imensos para as grandes, médias e pequenas empresas. Um deles é a capacidade de atrair as novas gerações para o setor. Para Roberto Ardenghy, os jovens, com suas mentes mais abertas, serão fundamentais para consolidar esse processo de Evolução Energética.