Revista Brasil Energia | Rio Oil and Gas 2022

Reinjeção de gás do pré-sal em pauta

Demanda, oferta e infraestrutura são os pilares de uma política pública voltada para a garantia do aproveitamento do gás do pré-sal, dizem participantes

Por Camilla Alves

Compartilhe Facebook Instagram Twitter Linkedin Whatsapp

A reinjeção do gás do pré-sal obedece a uma razão técnica e econômica, sendo absolutamente necessária para otimizar a produção de óleo do pré-sal. A conclusão é dos participantes do painel intitulado  “Aproveitamento de gás natural associado produzido em campos do pré-sal”, que teve a mediação de Sylvie D’Apote, diretora de Gás Natural do IBP. A mesa teve participação de Lars Hansen, gerente de Desenvolvimento de Subsuperfície da Equinor, Álvaro Tupiassu, gerente executivo de Gás e Energia da Petrobras, Luiz Costamilan, ex-diretor do IBP, e Vladimir Paschoal de Macedo, conselheiro da Agenersa.

Em sua apresentação, o gerente da Petrobras disse que existem três tipos de aproveitamento para o gás do pré-sal: o consumo nas plataformas de produção, a reinjeção nos reservatórios e o escoamento para atender o mercado consumidor. Tupiassu destacou, ainda, que a injeção alternada de gás e água (WAG) é capaz de aumentar em 25% a 30% o fator de recuperação de petróleo. “É como criar um novo campo produtor”, afirmou o executivo. 

Ao comentar sobre Sergipe Águas Profundas (SEAP) e o BC-M-33, operados pela Petrobras e Equinor, respectivamente, baseados no monetização de gás, o executivo disse que os projetos vão reduzir gradativamente os níveis de importação de gás no país.

Indagado sobre o atraso do Rota 3, o gerente da Petrobras disse que o gás permanecerá sendo reinjetado enquanto as obras da UPGN não viabilizarem o escoamento do insumo. Disse também que novas rotas serão avaliadas se novos dados exploratórios indicarem a necessidade, pois a infraestrutura atual atende o nível de oferta.

Em seguida, Lars Hansen, da Equinor, fez um paralelo entre o Brasil e a Noruega. O executivo disse que o gás era reinjetado nos campos do Mar do Norte para otimizar a produção de petróleo, como no Brasil. A partir do ano 2000, porém, com a inversão da razão gás-óleo, os campos produtores de óleo se converteram em ativos de gás. "Esse gás que era reinjetado está abastecendo o continente europeu em meio à guerra e à crise energética", disse.

Sobre o desenvolvimento de Bacalhau, Hansen afirmou que cada reservatório tem um desafio quando se trata de óleo e gás associados. “Em Bacalhau 1, temos um reservatório com condições favoráveis à reinjeção. Para Bacalhau 2, estamos avaliando ainda a exportação ou reinjeção”, revelou.

Costamilan, ex-diretor do IBP, disse que "a reinjeção não pode ser demonizada". Ele acredita que será necessária uma formulação de uma política industrial para fomentar a utilização do gás como insumo para produção de fertilizantes. Ele crê, ainda, que o ciclo de fornecimento da Bolívia para o Brasil, através do Gasbol, está prestes a ser encerrado. "A Rota 3 terá um papel fundamental para substituir ao fornecimento do gás boliviano".

Em suma, os participantes foram unânimes em afirmar que é preciso unir oferta, demanda e infraestrutura. O escoamento, afinal, emerge como uma solução natural quando faz sentido econômico. "Não há virada de chave. Ninguém reinjeta gás por perversidade. Mas precisamos de práticas para viabilizar o escoamento", encerrou o conselheiro da Agenersa.

Newsletter Opinião

Cadastre-se para receber mensalmente nossa newsletter com os artigos dos nossos Colunistas e Articulistas em Petróleo, Gás e Energia

Veja outras notícias sobre rio oil and gas 2022

Últimas