Revista Brasil Energia | ROG.e 2024
Plano de R$ 5 bi da TAG aposta no crescimento do mercado de gás
Além de projetos de manutenção e expansão em diferentes estágios de desenvolvimento, transportadora investe em soluções de infraestrutura e inserção do biometano na rede
O plano de investimento de R$ 5 bilhões da Transportadora Associada de Gás (TAG), dona de 4.500 km de gasodutos no Norte e Nordeste do país, tem como aposta o crescimento do mercado de gás brasileiro nos próximos anos. Nele estão incluídos projetos de manutenção, que respondem por pouco menos de 50% do total, e projetos de expansão, capazes de dar mais liquidez ao fluxo de gás e trazer segurança ao suprimento do setor energético. O plano também envolve a estocagem subterrânea com a Origem e o estudo para um hub de biometano.
Em entrevista à Brasil Energia, o CEO da TAG, Gustavo Labanca, enumera os principais projetos e seus estágios de execução. Na rubrica manutenção, destaca o Gasfor 2, duto de 85 km já concluído que aguarda autorização da ANP para operar. Obra do programa de classe de locação voltada para segurança operacional, foi retomada pela TAG com o propósito de afastar a tubulação da Região Metropolitana de Fortaleza.
No plano de expansão, entre os chamados “hot spots” (projetos em estágio mais avançado) estão a conexão do Hub de Sergipe da Eneva à malha da transportadora, inaugurada em julho, mas autorizada pela ANP a operar apenas em outubro. São 25 km de duto que atenderá, além da térmica da Eneva, ao consumo da Termopernambuco, contratada no leilão da Aneel de 2021 e que foi autorizada a antecipar o funcionamento, antes previsto para 2026.
Na Bahia, a construção da nova estação de compressão de Itajuípe vai liberar capacidade adicional de 3 milhões de m3/dia na malha da TAG, para levar gás do Sudeste para o Nordeste.
Labanca também aguarda decisão dos acionistas das Gás Natural Açu (GNA) para construir o chamado Gasog, gasoduto de interligação do Porto do Açu à malha da TAG, de 45 km. Para o CEO, conectar as duas térmicas do porto – a GNA I, já em operação, e a GNA II, em final de obra – é essencial para garantir segurança ao suprimento de gás para o setor elétrico. Hoje o parque é abastecido com GNL importado. “As térmicas estão isoladas em um terminal de GNL, qualquer problema pode afetar o suprimento e a disponibilidade dessas usinas”, adverte.
Novos pontos de entrega
O plano de investimentos também prevê projetos de conexão de citygates. Na Bahia, Labanca destaca o ponto de entrega de Itajubá, já concluído, que compõe o gasoduto Gás Sudoeste, obra de interiorização da Bahiagás em curso.
Outro ponto de entrega em construção é o Buriti, em Manaus (AM), que vai entregar o gás de Urucu via gasoduto Coari-Manaus para a UTE Manaus I, em obra, do grupo Global, contratada no leilão da Aneel de 2022. O projeto do citygate foi dimensionado para atender também à demanda da Cigás, distribuidora do Amazonas, com quem a TAG já tem acordo.
"Sou incansável em falar que a indústria de rede tem que funcionar de maneira otimizada, transporte conectando as ofertas, as distribuidoras conectando a demanda, e quanto mais otimizado for, mais barato fica o custo de uso da infraestrutura pro usuário", defende Labanca.
Outros grandes projetos de expansão estão em prospecção, entre eles com a indústria de alumínio, que busca descarbonizar a atividade, além de outros que necessitam de consumidores âncora.
Os projetos têm como base o Mapeamento da Demanda realizado pela TAG a cada dois anos, pelo qual a transportadora prioriza os investimentos necessários onde tem crescimento de demanda. Labanca ressalta que tudo é feito em conjunto com a ANP. “Quando a gente fala em fazer investimento, a gente quer otimizar o uso da malha e atender melhor o mercado. O transporte é uma atividade regulada, tem uma cap de receita e, por isso, fazemos muito esforço para ter mais mercado e mais usuário para, assim, diminuir o custo da infraestrutura”, complementa.
Estocagem subterrânea
Também no plano de investimentos, a estocagem subterrânea com a Origem, em Alagoas é parte do propósito da TAG de se posicionar como provedora de soluções de infraestrutura de energia, aí incluídos o gás natural, o biometano e o hidrogênio futuramente. “A estocagem vem como uma atividade complementar ao transporte, esse é o motivo de estarmos trabalhando nesse projeto”, diz Labanca.
Entre os benefício da estocagem, ele destaca a flexibilidade de fornecimento para o despacho termelétrico com gás nacional, hoje feito com GNL importado.
A inserção do biometano
A conexão do biometano na malha de transporte será viabilizada pelo novo projeto da transportadora, o BioTAG Hub, lançado durante a ROG.e. A iniciativa visa levar a pequena produção de biometano atualmente espalhada, via gás comprimido ou liquefeito, para grandes hubs, que serão conectados à rede. “O potencial de biomentano no Brasil é de 120 milhões de m3/dia. Esse projeto é o pontapé que o mercado precisa para crescer”, conclui Labanca.
Assista à entrevista na íntegra aqui
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