Opinião

Riscos e resiliência para indústria de energia

Gestão de risco se torna fator decisivo para as empresas de energia, em meio a um cenário de flutuações geopolíticas, transição energética e mudanças sociais

Por James Hodge

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As empresas de energia têm sido tradicionalmente sensíveis às flutuações geopolíticas. Recentemente, os turbulentos eventos iniciados por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia causaram um profundo efeito na indústria de petróleo e gás. Não se via preços do petróleo tão altos há mais de uma década e à medida que os governos ocidentais continuam a mostrar sua determinação em evitar o petróleo e o gás russo, é bem provável que esses preços permaneçam por um bom tempo.

O relatório Energy Market Review 2022 – “Lidando com a incerteza”, realizado pela Willis Towers Watson (WTW), mostra que essa crise geopolítica deve acelerar a transição energética, já que governos vão precisar intensificar seus esforços para encontrar fontes de energia alternativas. Além do mais, as forças de mercado empurram as empresas cada vez mais para a criação e o consumo de energia mais limpa, impulsionadas pelos critérios ESG (sigla para Environmental, Social and Governance), além da conscientização pública sobre o impacto ambiental das práticas atuais.

O setor de energia está no centro desta era de transformação. Para se adaptar e sobreviver, são necessárias respostas estratégicas aos riscos apresentados pela geopolítica, o meio ambiente e as sociedades. Mais do que nunca, a resiliência dessas empresas será testada e uma boa gestão de risco se torna fator decisivo.

O levantamento Allianz Risk Barometer, realizado no início do ano com empresas do mundo todo, mostrou que no ranking as empresas de petróleo e gás consideram entre seus principais riscos a interrupção de negócios, as catástrofes naturais, as explosões, as mudanças climáticas e, por último, os incidentes cibernéticos.

Os investidores precisam estar cientes de como essas empresas estão governando esses riscos por meio de mudanças na política, na tecnologia ou estrutura física. Cada companhia vai ter uma exposição diferente e olhar com atenção para cada perfil pode ajudar a criar valor, mas por outro lado não olhar os riscos de forma estratégica pode causar perdas significativas.

Diante desses fatores, as empresas de petróleo e gás estão confiando cada vez mais em soluções de seguros inovadoras para atender às suas necessidades em evolução. Hoje há ferramentas tecnológicas específicas para medir exposição ao risco a curto e longo prazo e para desenvolver análises de cenários climáticos, por exemplo.

O gerenciamento do risco realizado com profissionais especializados ajuda os líderes a enxergarem muito além das ameaças mais visíveis. É preciso também envolver a empresa como um todo para identificar e entender cenários plausíveis, identificar as dependências e os impactos nos negócios. Isso promove a preparação estratégica para quaisquer crises que possam ocorrer.

Por fim, podemos chegar à conclusão de que os riscos não podem mais serem vistos isoladamente. Em vez disso, eles precisam ser totalmente compreendidos como parte de uma avaliação integrada que considera uma ampla gama de fatores.

James Hodge é historiador formado pela Universidade de São Paulo (USP) e é especialista em gestão de risco da Willis Towers Watson (WTW) há 12 anos.

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