Indústria procura combustíveis para descarbonizar transporte marítimo
Ao se basear na disponibilidade de fontes e cenários apresentados hoje, parece não haver solução pronta, concluíram palestrantes presentes na OTC Brasil 2023
Um dos setores mais críticos para a descarbonização, a indústria naval procura os combustíveis adequados para zerar suas emissões até 2050. As metas acordadas internacionalmente preveem a redução de emissões em 20% até 2030; de 70% até 2040, zerando em 2050. O segmento consome anualmente 300 milhões de litros de combustíveis fóssil.
O GNL, reconhecido na última cúpula sobre o clima como fonte alternativa para a transição energética, pode ser uma boa solução para o setor marítimo em regiões como Ásia e Europa, mas no Brasil esbarra na falta de infraestrutura.
Num momento em que fontes fósseis têm prazo de validade, ninguém quer investir pesado em portos e terminais necessários ao uso do produto como combustível para embarcações, lembram os especialistas.
“O GNL contribui para a meta de 2030, então é combustível para ser usado já agora. No Brasil não tem infraestrutura … ”, disse Ricardo Cesar Fernandes, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Armadores Noruegueses. “Estamos agora em uma corrida para definir qual o combustível que será usado para 2050”, acrescentou.
No caso dos biocombustíveis, palestrantes no painel concordaram que a regulamentação tem bom nível de maturidade, mas ainda faltam eficiência e competitividade de preço.
“Biocombustível é dos grandes candidatos, mas é preciso eficiência do uso de combustível a bordo” afirmou o consultor Jonas Matos, da DVN.
Estudo coordenado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) prevê que etanol e o biodiesel, biocombustíveis convencionais, responderão pela maior parcela da oferta de bionergia. Porém, o estudo destaca que, a partir de 2040, ganham destaque os biocombustíveis avançados, produzidos por meio de diversas rotas tecnológicas, tais como: o diesel verde, o bioquerosene de aviação, a gasolina verde e os biocombustíveis para uso marítimo.
O diretora do IBP, Valeria Lima, lembra que o setor naval representa apenas 0,5% das emissões de carbono no Brasil, enquanto no mundo são 2%. Apesar disso, ela defende agilidade nas soluções para a transição energética.
A gerente de Óleo, Gás e Indústria Naval, Innovation Norway, agência da Noruega para exportações, Raquel Filgueiras, defende o potencial de parcerias entre o Brasil e o país nórdico.
Segundo ela, a Noruega, com abundantes recursos financeiros e tecnológicos, pode ajudar o Brasil a realizar os investimentos vultosos necessários à transição energética neste setor.
“É preciso criar arcabouço regulatório que se incentive uso de tecnologias e que permita que companhias sejam livres para sar e realizar seus avanços tecnológicos (...) Os recursos são limitados, então o quanto antes o Brasil conseguir estruturar politicas estratégicas, consegue chegar lá”, afirmou.
O painel Norway's Contributions to Decarbonization for the Maritime Sector in Brazil, ocorreu no primeiro dia do evento, no Offshore Arena.
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