Revista Brasil Energia | ROG.e 2024

Diesel continuará sendo força motriz da economia brasileira, diz EPE

Por outro lado, gasolina perderá participação para biocombustíveis

Por Sabrina Lorenzi

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Apesar dos apelos e esforços para a descarbonização, o diesel continuará sendo a principal força motriz da economia brasileira, afirmou a superintendente da área de Petróleo e Derivados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Angela Costa, na ROG.e, nesta segunda-feira (23).

Estudo da EPE prevê que o óleo diesel seguirá como a principal fonte do setor de transporte do país, com crescimento de 2,1% ao ano na próxima década.

A parcela do diesel deve chegar a 50% do total consumido pelo segmento de transporte até 2034, uma parcela um pouco maior que a atual, de 49%. O setor responde por um terço da demanda de energia do Brasil.

“A expansão do agronegócio, a recuperação da indústria, dos serviços, da construção civil, estimulada pelo PAC, resulta em um expressivo crescimento da demanda por transporte rodoviário. São setores que crescem também estimulados pelo crescimento da população e da renda per capita”, afirmou Costa no painel "O futuro da demanda de combustíveis para a mobilidade no contexto da transição enegética", realizado no primeiro dia da ROG.e, no Rio de Janeiro (RJ).

Em 2023, houve aumento de 4% do uso de energia em relação a 2022. O setor de transportes apresentou a maior participação dentre os setores e se tornou, novamente, o líder no país em termos de consumo de energia, com 33% do total.

Os biocombustíveis e a eletricidade crescem e ocupam principalmente o mercado de passageiros. A parcela do etanol deverá passar de 14% para 15%, enquanto a gasolina deve recuar de 34% para 26% até 2034.

“A demanda por energia vai continuar crescendo e o nosso principal desafio é como crescer”, afirmou Angela.

A maior parte das emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil são provenientes de desmatamento e uso da terra, além de agropecuária. No setor de transporte, 39% das emissões vêm caminhões e 32% de carros.

A recuperação do setor de aviação também é um dos motivos para o crescimento da demanda. A presidente da Abear, associação que representa as companhias aéreas, Jurema Monteiro, destacou os desafios para a implementação de fontes renováveis nos combustíveis aéreos. Segundo ela, o custo hoje por litro de 70 centavos poderá chegar a 1,60 centavos, e isso poderá ter um impacto no custo da passagem aérea.

“Precisamos ter uma dicsussão sincera sobre essa transição. Temos de fato desafio para sair da meia viagem por habitante”, afirmou, comparando o Brasil ao Chile, que tem 1,2 viagem por habitante. O Brasil, segundo ela, precisa pensar na confiabilidade, na resiliência e, “obviamente”, no custo.

Já Richele Cabral, diretora de mobilidade urbana da Semove (Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro), o investimento em transporte público é uma solução que precisa ser buscada.

“Primeiro temos o problema do tempo de viagem. O segundo problema é o custo da tarifa”, afirmou Cabral. Para ela, o Brasil precisa equilibrar o sustentável com o custo, para não sobrecarregar o passageiro.

Angela Costa, da EPE, faz coro quanto à velocidade da transição e a adoção de medidas para que o custo da energia não seja um problema para o consumidor final.

“O futuro vai ser eclético e não elétrico. Vamos gerenciar o ritmo, não precisamos ter uma corrida para eletrificar tudo. Os híbridos são importantes mas a tarifa de transporte tem peso muito grande no orçamento das famílias”, afirmou.

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