Revista Brasil Energia | ROG.e 2024

Funcionários da bp no Brasil passarão de 300 para 9 mil de um dia para outro

Compra da Bunge deve ser concluída em poucas semanas, diz presidente no Brasil. Já Petrobras quer planta de e-metanol

Por Sabrina Lorenzi

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Foto: Divulgação bp Bunge Bioenergia

A bp deve concluir, em poucas semanas, a compra dos ativos de etanol e bioenergia da Bunge no Brasil, afirmou o novo presidente da empresa no país, Andres Guevara.

Em junho, a empresa britânica anunciou a compra dos 50% de participação da americana Bunge na joint venture que as duas empresas têm no setor sucroalcooleiro no Brasil, num movimento da petroleira em busca de energia renovável iniciado no final da década passada. 

A aquisição vai mudar a presença da bp no Brasil. “De 300 funcionários, vai acordar com 9 mil”, disse, durante painel da ROG.e 2024, a gerente de Desenvolvimento de Negócios - Renováveis da TotalEnergies e mediadora Fernanda Scoponi.

Com 11 unidades, localizadas nas regiões Sudeste, Norte e Centro-Oeste do Brasil, e cerca de 8,5 mil funcionários, a joint venture bp Bunge Bioenergia possui capacidade anual de moagem de 32,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.

A bp será proprietária de 100% do negócio. Segundo a Bunge, a transação deve “gerar receitas próximas a US$ 800 milhões, dependendo do momento do fechamento e dos ajustes habituais”.

O ativo tem capacidade para produzir mais de 1,7 bilhão de litros de etanol, 1,7 milhão de toneladas de açúcar e acrescentar 1,4 milhão de MWh de energia para a rede elétrica brasileira.

Guevara afirmou que o Brasil está evoluindo na legislação para a transição energética, com mandatos muito importantes para combustíveis renováveis como o SAF (combustível sustentável de aviação). No começo de outubro, a Câmara aprovou o projeto de lei Combustível do Futuro, já com as alterações do Senado. 

“Agora precisaremos das regulações detalhadas [regulamentações]” disse. “A ANP terá que regulamentar, por exemplo, toda a área de captura e armazenagem de carbono (CCUS)”.

Também presente no painel “Potencialidades, Oportunidades e Desafios em Energias Renováveis”, o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Maurício Tolmasquim, falou da necessidade de regulamentação para tornar mais atraente os investimentos em descarbonização.

Petrobras quer planta de e-metanol

A Petrobras planeja construir uma planta de e-metanol, produzido a partir de hidrogênio verde com dióxido de carbono de origem biogênica. O executivo afirmou que a empresa está analisando o projeto, que tem parceria com uma empresa europeia. 

Para Tolmasquim, a transição energética impulsiona a demanda por hidrogênio como energético, como matéria-prima para indústria e como insumo na produção de combustíveis. 

A Petrobras é a principal produtora e consumidora de H₂ de origem fóssil. Em 2023, essa produção foi de 337 mil toneladas, cerca de 17% das emissões das refinarias.

Segundo o executivo, o Brasil possui uma forte capacidade instalada e projetada de CO₂ biogênico para a produção de derivados. O potencial de SAF a partir de CO₂ biogênico de usinas de cana corresponde a 42% da demanda de combustível de aviação da Europa (60 MM t/ano).

A companhia tem também projeto de hub de CCUS no Rio de Janeiro com interligação do Gaslub (atual Complexo de Energias Boaventura) e a Reduc, para viabilizar a produção de hidrogênio de baixa emissão de carbono nesses ativos.

Preocupação com mercados

O painel também debateu a preocupação com a aceitação dos biocombustíveis brasileiros em outros mercados. A principal questão é a preocupação com barreiras ao etanol do Brasil, associado a desmatamento por países europeus. Tanto o executivo da bp, quanto outros do setor presentes ao evento, manifestaram a mesma questão. 

Tolmasquim levantou ainda o ponto da demanda, tornando mais atraente a energia a partir de hidrogênio verde, por exemplo. “Uma grande barreira hoje é [a falta de] contratos de longo prazo”, disse.

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