Revista Brasil Energia | ROG.e 2024
Petrobras, Acelen e Raízen defendem advocacy para biocombustíveis
Empresas dizem que desafio da transição energética brasileira é convencer o mundo de que biocombustíveis brasileiros provêm de terras não queimadas nem desmatadas
O desenvolvimento de biocombustíveis para a descarbonização da indústria do petróleo tem no acesso a mercados no exterior um dos seus principais desafios, afirmam executivos do setor. Para exportar e ganhar escala, as empresas precisarão convencer o mundo de que o país faz parte da solução e não do problema, em meio ao desmatamento e queimadas desenfreadas de biomas como Amazônia e Cerrado.
O diretor de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobras, Claudio Romeo Schlosser, defende um trabalho de advocacy forte pelo país, para que os produtos descarbonizados possam ser aceitos no exterior, sem barreiras.
“O que temos visto são os blocos econômicos impondo restrição aos nossos produtos (…) Temos que fazer advocacy”, afirmou o executivo em painel na ROG.e 2024, que está sendo realizada no Rio de Janeiro (RJ).
Schlosser também afirmou que o Brasil carece de certificação que tenha aceitabilidade internacional.
“Temos que evoluir muito nisso para que essa certificação seja aceita nos mercados”, disse ele no painel “Os desafios da Oferta Futura de Combustíveis e Biocombustíveis”.
Segundo o diretor, a Petrobras fechou, nesta semana, acordo com a Embrapa que envolve a adoção de boas práticas agrícolas.
O vice-presidente de Supply-Chain da Raízen, Juliano Tamaso, afirmou que as empresas precisam falar mais do Brasil do que das soluções de seus produtos no exterior. “É um caminho longo a percorrer, não estamos lá ainda”, disse, no mesmo painel. A Raízen produziu, em um ano, cerca de 10 milhões de litros de etanol a partir de milho.
Segundo o diretor da Petrobras, o mundo vive uma das maiores complexidades geopolíticas que já enfrentou.
“O maior desafio é o acesso a mercados”. De acordo com Claudio, é preciso trabalhar a prática de advocacy para mostrar que os produtos vendidos pela indústria partem de terras que não são de desmatamento.
Na mesma linha, o vice-presidente de Novos Negócios da Acelen, Marcelo Cordaro, defendeu mais advocacy para os produtos brasileiros e afirmou que o Brasil possui um papel fundamental para o órgão certificador.
A Acelen está desenvolvendo, na refinaria de Mataripe, uma unidade de biorrefino com uso de macaúba, um projeto único da empresa controlada pelo fundo árabe. O plano é produzir 20 mil bpd de biocombustível da macaúba inicialmente. A empresa quer atingir a plantação de 65 milhões de árvores, unindo a descarbonização por meio de floresta com o uso do fruto para produção de combustível.
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