Petrobras manda recado a fornecedor sobre gargalo externo e fábrica ociosa no Brasil

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, revelou hoje, durante evento de premiação a fornecedores da estatal na ROG.e 2024, ter sido informado que um fornecedor externo da empresa está atrasando a entrega de um bem ao mesmo tempo em que tem uma fábrica ociosa no Brasil.

Questionada em entrevista, a executiva não quis revelar o nome do fornecedor, alegando que está em negociações, mas deu a entender que se trata de equipamento de plataforma. “É inconcebível fábrica no exterior ser gargalo enquanto, no Brasil, a mesma fábrica está ociosa”, disparou Chambriard.

A revelação da dirigente foi feita no contexto de uma fala em que cobrava dos fornecedores compromisso com os prazos. “Nós vamos cobrar prazos de entrega. Isso é crucial para nossa eficiência operacional”, avisou.

Segundo ela, essa desejada pontualidade deve ser produto de um sincronismo entre a companhia e sua cadeia de fornecedores, condição para que a execução do planejamento seja feita com eficiência, atingindo as metas planejadas.

Mais gás

Sob pressão do governo, acionista majoritário da Petrobras, para que a empresa contribua para o aumento da oferta e queda do preço do gás natural, considerado um combustível estratégico para a retomada do crescimento industrial do país, Chambriard vem prometendo aos empresários do setor que podem fazer seus planos que a oferta de gás irá corresponder.

Hoje ela revelou, aos jornalistas, um dos seus planos concretos para esse aumento de oferta. Segundo a executiva, a varredura que a Petrobras vem fazendo para identificar as possibilidades de aumentar sua produção da molécula revelou a existência de um poço de gás no campo de Roncador,  na Bacia de Campos, capaz de fornecer 1,7 milhão de m³/dia de gás. Hoje, Roncador produz apenas óleo.

A Petrobras vai trabalhar em uma solução técnica para viabilizar o transporte desse gás para o continente. Ontem ela já havia citado outro caminho possível, que é encontrar soluções técnicas para evitar a reinjeção do gás associado a petróleo em poços em desenvolvimento. Uma dessas possibilidades seria a readaptação de plataformas que originalmente produziriam apenas petróleo, por exemplo, no campo de Búzios, considerado o maior do mundo em águas profundas.

Questionada sobre como pretende reduzir o preço do gás, uma vez que se trata de uma commodity com preço orientado pelo comportamento do mercado internacional, a presidente da Petrobras disse que, a par dessa condição, o preço do gás tem “uma componente regional muito forte” e que a ideia do Brasil é fazer seu preço baixar pelo caminho do ganho de escala.

Preço do QAV cai 9,1%

Questionada sobre por que os preços dos combustíveis não estão caindo no Brasil, uma vez que o barril de petróleo vive um ciclo de baixa no mercado internacional – no meio da tarde de hoje o Brent estava a US$ 70,93 –, Chambriard antecipou que, na virada para outubro, a Petrobras ia reduzir em cerca de 10% o preço do QAV.

Mais tarde, a empresa distribuiu nota informando que a queda será de 9,1%, o que corresponde a R$ 0,34/litro. Com esta redução, segundo a Petrobras, o preço do QAV nas refinarias acumulará queda de 16,4% este ano, ou R$ 0,67/litro. A executiva não deu horizonte de expectativa para a redução dos preços de outros combustíveis.