Revista Brasil Energia | ROG.e 2024

Sem Margem Equatorial, investimento da Petrobras pode ir para a África

Diretora da companhia disse que a Petrobras vem fazendo todos os esforços para obter a licença do Ibama a tempo de investir US$ 3,1 bilhões até 2028

Por Chico Santos

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Diretora de E&P da Petrobras, Sylvia dos Anjos (Foto: Armando Paiva / Agência Petrobras)

A diretora de E&P da Petrobras, Sylvia dos Anjos, disse hoje, após participar de painel na ROG.e 2024 sobre “Potencial e Oportunidades para Exploração da Margem Equatorial”, que a empresa segue focada em conseguir a autorização do Ibama para explorar o potencial marítimo do Norte do Brasil, mas admitiu que se não for possível, a alternativa será redirecionar os investimentos para a Costa Ocidental da África.

De acordo com Anjos, a estatal brasileira tem programados US$ 3,1 bilhões (cerca de R$ 17,2 bilhões pelo câmbio de hoje) para investir na Margem Equatorial de 2024 a 2028, mas caso o objetivo não se viabilize, a empresa irá buscar parceria com uma das outras grandes produtoras globais de óleo e gás para investir na África, onde a geologia é semelhante a do Norte do Brasil.

Ainda segundo a executiva, uma das maiores possibilidades seria a Namíbia, cuja costa seria uma espécie de “espelho” da costa brasileira. De acordo com o Plano Estratégico 2024/2028 da Petrobras, os investimentos previstos para a Margem Equatorial seriam para a perfuração de 16 poços.

Antes, durante o painel, Anjos fez um breve histórico das descobertas e expansão da produção brasileira de petróleo para explicar a razão pela qual a exploração da Margem Equatorial representa hoje a perspectiva que a empresa tem de recompor suas reservas para continuar crescendo.

Os saltos dados a partir da produção onshore na Bahia começaram com Carmópolis, campo também terrestre em Sergipe, em 1963. Depois veio Guaricema, primeira descoberta marítima, também em Sergipe (1968). A Bacia de Campos (RJ), em águas rasas, veio em 1974 e assim sucessivamente, até chegar ao pré-sal em 2007.

“Estamos fazendo tudo para obter as licenças [para a Margem Equatorial], cumprindo todos os requisitos do Ibama, até coisas que não achávamos necessárias”, disse. Ela destacou ainda que o setor de energia responde por somente 30% das emissões de gases do efeito estufa brasileiras, enquanto no mundo elas representam 70% desse total.

O vice-presidente Sênior de Águas Profundas da ExxonMobil, Hunter Farris, destacou que hoje metade da população mundial, cerca de 4 bilhões de pessoas, ainda lutam para ter acesso a energia para suas necessidades básicas e que 3 milhões morrem por ano da poluição provocada pelas fontes mais emissoras, como a lenha e o carvão.

Para ele, a expansão da produção de petróleo e gás, com o uso de tecnologias que reduzam as emissões, é uma alternativa para suprir essas carências e melhorar a qualidade de vida desse contingente populacional. A Margem Equatorial seria a alternativa para evitar a queda na produção de óleo e gás que já está ocorrendo.

Farris disse que a ExxonMobil, antes de descobrir óleo na Guiana, região geológica contígua à Margem Equatorial brasileira, perfurou 40 poços secos. Com a introdução de tecnologias mais modernas o sucesso veio e o país vizinho, que não produzia nada há cinco anos, hoje produz 660 mil bpd em três projetos, devendo pular para 1,3 milhão em 2027 com a entrada em produção de outros três.

Annand Jagesar, diretor da Staatsolie, empresa do Suriname que está desenvolvendo a produção de óleo de outro país vizinho da Margem Equatorial, defendeu os investimentos na produção de óleo como forma de tornar a vida “mais fácil e agradável” para a população do país e disse que o Suriname vem buscando estreitar a cooperação com o Brasil, inclusive incentivando o estudo do português para superar a barreira do idioma, já que lá se fala holandês.

A engenheira Suzana Kahn, diretora da Coppe/UFRJ, defendeu os investimentos em tecnologias como um todo, inclusive de petróleo, ressaltando que a mesma equipe que trabalha em modelagem e machine learning para fins de geologia pode reverter os resultados dessa pesquisa para fins de estudos ligados à saúde pulmonar, por exemplo.

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