Revista Brasil Energia | ROG.e 2024

Tucuruí “vagalume” compensa intermitentes, diz VP da Eletrobras

Vibra e Fluxys citam, na ROG.e 2024, compartilhamento de estruturas existentes para fontes de energia limpa

Por Sabrina Lorenzi

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A hidrelétrica de Tucuruí, uma das maiores do mundo e segunda do país em potência instalada, tem sido fundamental para compensar a geração intermitente de outras fontes de energia. O vice-presidente de Comercialização da Eletrobras, Ítalo Freitas, comparou a usina a um vagalume, que acende e apaga.

O executivo disse que as hidrelétricas não deveriam funcionar como térmicas, que entram em operação quando a oferta de energia hídrica diminui e/ou a demanda por eletricidade aumenta.

“Tucuruí está salvando, são mais de 5 mil megawatts. Entra e sai, um vaga-lume”, afirmou durante a ROG.e 2024, que está sendo realizada no Rio de Janeiro (RJ).

Durante o painel “Desafios de infraestrutura nas soluções de baixo carbono”, Freitas destacou o atual desafio do Brasil de transportar energia de geração solar e eólica do Nordeste para grandes centros urbanos do Sudeste. Citou o linhão Graça Aranha, no Maranhão, para “pegar energia em bloco” e “trazer energia de Tucuruí”. 

Os gargalos na transmissão de energia foram um dos pontos abordados no painel pela vice-presidente executiva de Energia Renovável e ESG da Vibra, Clarissa Sadock, que apontou a necessidade de inserir melhor as térmicas neste cenário de alternância de momentos de excesso e outros de falta. “Difícil separar a estrutura do regulatório”, afirmou.

Em resposta, Freitas disse que, não somente no Brasil mas em outros países, a transmissão tem um delay em relação à geração, sobretudo de fontes solar e eólica, com projetos que são executados em velocidade bem maior que a transmissão. Ele reafirmou investimentos de R$ 7 bilhões em linhas de transmissão.

“Temos muita energia no Nordeste, essa energia precisa ser transportada. Além de ter desafio na licença, temos desafio de obra, com comunidades quilombolas, indígena, desafio ambiental (...) a linha de transmissão não segue essa velocidade da solar e eólica”.

Ele ressaltou o custo da transmissão, que é uma conta “de todos nós”. “Precisa aumentar, mas isso impacta a conta. Alguém vai ter que pagar essa conta”, disse Freitas.

No painel, também foi destacado que o crescimento de data centers vai ser importante para nossa malha, mas o Brasil precisará investir mais em transmissão.

Gás e eletricidade precisam "se falar mais"

Para o CEO da belga Fluxys Brasil, Sébastien Lahouste, “o mundo do gás e da eletricidade precisam se falar mais”.

“No Brasil a matriz já é muito verde mas em época seca precisa [de alternativa]. É importante que eletricidade e gás trabalhem mais juntos, como regulação”.

Ele afirmou que, tanto no Brasil quanto na Europa, é necessário que a regulamentação esteja alinhada, para que não haja necessidade de investimentos redundantes ou que precisam ser refeitos posteriormente. 

A empresa de logística Fluxys comprou participação minoritária da TBG no Gasbol. Tem ativos e projetos também na área de hidrogênio e captura de carbono na Europa.

A TBG detém e opera o trecho brasileiro de 2,6 mil km do gasoduto Bolívia-Brasil, uma infraestrutura energética chave para o país. 

O executivo defendeu o uso comum de malhas para diferentes fontes, como gás e biometano.

Segundo ele, o biometano traz vantagem competitiva na Europa, podendo reutilizar malhas já existentes, a custo bem menor do que desenvolver novas. Ele sugeriu o mesmo à malha da TBG. 

O compartilhamento de estruturas também foi citado pela executiva da Vibra. O biometano se mistura no gasoduto com o gás, mas quando é 100% renovável, afirma ela, requer uma nova estrutura.

Ela lembrou que o principal driver de crescimento da capacidade logística no Brasil é o agro, para aumentar capacidade de tancagem, ainda mais que a de biocombustíveis.

Drop in é maravilhoso, mas precisa-se ter cuidado com a qualidade, ter certeza de que os demais distribuidores tomam cuidado com a qualidade”.

No mercado de energia, a Vibra vem atuando por meio da Comerc Energia.

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