Opinião
2022: o Melhor Ano para Investir em Energia Solar
Pelas projeções, serão adicionados mais de 12,1 (GW) de potência, um crescimento de mais de 91,7% sobre a capacidade instalada do País. As perspectivas são de chegar ao final de 2022 com um total acumulado de mais de 747 mil empregos, distribuídos entre todos os elos produtivos do setor
- Por Rodrigo Sauaia e Ronaldo Koloszuk
A energia solar abriu o ano de 2022 com imensas potencialidades. O Governo Federal sancionou a Lei nº 14.300, que cria o marco legal da geração distribuída a partir de fontes renováveis no Brasil, considerado um passo estratégico para a segurança jurídica do mercado e dos consumidores. Com ele, gerar e consumir a própria energia elétrica, limpa, renovável e competitiva, torna-se um direito de cada cidadão, pequeno negócio e produtor rural do País.
A lei proporciona a necessária estabilidade, transparência e previsibilidade para que o setor solar continue avançando, com solidez, no crescimento da geração distribuída junto ao mercado. Com isso, os consumidores de energia elétrica, por sua vez, pressionados pelas tarifas de energia elétrica cada vez mais elevadas dos últimos anos, passam a ter maior autonomia e liberdade de escolha, podendo economizar na conta de luz e se proteger da inflação energética e das terríveis bandeiras tarifárias decorrentes das crises hídricas que ainda assombram o País.
Dentro desse cenário, vale destacar que 2021 foi um ano de novos recordes para o setor solar fotovoltaico no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). O setor atraiu mais de R$ 21,8 bilhões em investimentos em 2021, incluindo as grandes usinas e os sistemas de geração em telhados, fachadas e pequenos terrenos. O resultado representa um crescimento de 49% em relação aos investimentos acumulados até o final de 2020 no País.
De acordo com a entidade, os investimentos de 2021 criaram mais de 153 mil novos empregos no Brasil, espalhados por todas as regiões do território brasileiro. Desde 2012 até o final do ano passado, a fonte solar fotovoltaica movimentou mais de R$ 66,3 bilhões em negócios e gerou mais de 390 mil postos de trabalho. Em 2021, as contratações cresceram 65% em relação aos empregos acumulados até o final de 2020 no País.
Segundo a Absolar, o Brasil saltou de 7,9 GW ao final de 2020 para 13 GW ao final de 2021, crescimento de 65%, mesmo em meio a um ano desafiador de pandemia global. Em 2021, o mercado solar fotovoltaico proporcionou mais de R$ 5,8 bilhões em arrecadação aos cofres públicos, acréscimo de 52% em relação ao total arrecadado até o final de 2020 no País.
Por sua vez, o ano de 2022 promete ser o melhor da última década para a fonte solar no Brasil. Logo no primeiro trimestre, o país acaba de ultrapassar a marca histórica de 14 gigawatts (GW) de potência operacional da fonte solar fotovoltaica, somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia elétrica em telhados, fachadas e pequenos terrenos. Como resultado, a fonte solar supera a potência instalada da usina hidrelétrica de Itaipu, segundo mapeamento da Absolar.
Até o momento, fonte solar já trouxe ao Brasil mais de R$ 74,6 bilhões em novos investimentos, R$ 20,9 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou mais de 420 mil empregos acumulados desde 2012. Com isso, também evitou a emissão de 18,0 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade.
Projeções da Absolar apontam, no entanto, que, neste exercício, a fonte deverá gerar mais de 357 mil novos empregos, espalhados por todas as regiões do País. Segundo a avaliação da entidade, os novos investimentos privados no setor poderão ultrapassar a cifra de R$ 50,8 bilhões em 2022, somando os segmentos de geração distribuída (sistemas em telhados, fachadas de edifícios, terrenos, propriedades rurais e prédios públicos) e geração centralizada (grandes usinas solares).
Pelas projeções, serão adicionados mais de 12,1 gigawatts (GW) de potência instalada, somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia elétrica. Isso representará um crescimento de mais de 91,7% sobre a capacidade instalada do País. As perspectivas para o setor são de chegar ao final de 2022 com um total acumulado de mais de 747 mil empregos no Brasil desde 2012, distribuídos entre todos os elos produtivos do setor.
A maior parcela destes postos de trabalho deverá vir do segmento de geração própria de energia solar, que serão responsáveis por mais de 251 mil empregos neste ano. Dos R$ 50,8 bilhões de investimentos previstos para 2022, a geração distribuída corresponderá a cerca de R$ 40,6 bilhões, ou seja, aproximadamente 80% do total.
Para a geração própria solar, a Absolar projeta um crescimento de 105,0% frente ao total já instalado até 2021, passando de 8,3 GW para 17,2 GW. Já no segmento de usinas solares de grande porte, o crescimento previsto será de 67,8%, saindo dos atuais 4,6 GW para 7,8 GW.
A entidade projeta, ainda, que o setor solar fotovoltaico brasileiro será responsável por um aumento líquido na arrecadação dos governos federal, estaduais e municipais de mais de R$ 15,8 bilhões este ano. Isso contribui para o fortalecimento dos orçamentos públicos e a prestação de melhores serviços para a sociedade brasileira. O valor já contabiliza a economia dos consumidores em suas contas de eletricidade, mostrando que o benefício econômico do setor é favorável também para o poder público.
De acordo com análise da entidade, a geração própria de energia cresce a passos largos e deverá praticamente dobrar a potência operacional anualmente instalada, uma vez que a recentemente sancionada Lei nº 14.300/2022, irá impulsionar a demanda do mercado. Além disso, o aumento nas tarifas de energia elétrica segue com tendência de elevação, pesando no bolso do consumidor, que procurará uma solução para diminuir suas despesas.
Já na geração centralizada, o forte crescimento de mercado previsto é impulsionado principalmente pelo avanço da fonte solar no chamado Ambiente de Contratação Livre (ACL) de energia elétrica, que deverá ser responsável pela maior parcela das grandes usinas previstas para entrada em operação comercial no ano de 2022.
Projeta-se um crescimento muito robusto da energia solar este ano, impulsionado pelo alto custo na conta de luz e pelos benefícios proporcionados aos consumidores como parte da solução na garantia de suprimento de eletricidade a preços competitivos. A tecnologia fotovoltaica tem se popularizado cada vez no País e no mundo, atingindo todas as classes de consumo e provocando um efeito multiplicador positivo na sociedade brasileira.
Portanto, este deverá ser o ano mais radiante já registrado para o mercado solar fotovoltaico brasileiro. A solar é a fonte renovável mais competitiva do País e uma verdadeira alavanca para o desenvolvimento econômico, social e ambiental, com geração de emprego e renda, atração de investimentos, diversificação da matriz elétrica e benefícios sistêmicos para todos os consumidores brasileiros. O Brasil tem tudo a ganhar com a fonte e está finalmente avançando para se tornar uma liderança mundial no setor, cada vez mais estratégico no mundo.
Rodrigo Sauaia é cofundador e CEO da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), co-fundador e membro do conselho diretivo do Global Solar Council (GSC), entidade global que representa o setor solar em âmbito internacional. É doutor em Engenharia e Tecnologia de Materiais pela PUCRS, com colaboração internacional no Fraunhofer ISE (Alemanha), mestre em Energias Renováveis com Especialização em Energia Solar Fotovoltaica pela Loughborough University e Northumbria University (Reino Unido), com colaboração internacional no ETH Zürich (Suíça), e bacharel em Química pela USP.
Ronaldo Koloszuk é presidente da Absolar, diretor da Fiesp e diretor comercial da Solar Group