Opinião
Artigo: Condições para a eficiência de projetos eólicos
É preciso conhecer a região onde se está implantando um projeto, e isso significa não apenas ter domínio sobre os aspectos técnicos do vento, mas também sobre as características geológicas do local
Quando se trata da implantação e operação de projetos eólicos, a informação é recurso de primeira necessidade. Por isso, é importante estabelecer benchmarks para fazer comparações e o fator de capacidade mensal e anual – nível de aproveitamento dos aerogeradores para produzir energia a partir da força dos ventos – é uma boa referência em termos de análise.
No Boletim Mensal de Geração Eólica elaborado em fevereiro pelo ONS, constam empreendimentos com uma média de fator de capacidade abaixo de 40% – enquanto outros alcançam valores superiores a 50% – e os mesmos estão localizados no Rio Grande do Norte, estado que ocupa nada menos do que o primeiro lugar no ranking nacional de produção eólica.
Então, por que há projetos com um desempenho tão insatisfatório? Em um processo complexo como o de implantação de parques eólicos, há diversas condições que influenciam no resultado: desde a atuação dos colaboradores até o grau de conhecimento mercadológico. Nesse sentido, entender cada etapa e a relevância delas é fundamental para obter um ativo de qualidade na fase de operação.
Primeiramente, é preciso conhecer a região onde se está implantando um projeto, e isso significa não apenas ter domínio sobre os aspectos técnicos do vento, mas também sobre as características geológicas, arqueológicas e faunísticas do local. O intuito é, partindo do DNA sustentável que o setor eólico compartilha, acrescentar as premissas técnicas, tais como posicionamento de cada aerogerador, escolhido com base em sua qualidade tecnológica, dimensões e idoneidade do fornecedor, outras não tão óbvias, como o relacionamento com as comunidades ou com os diversos agentes envolvidos direta e indiretamente.
E, tendo em vista que o envolvimento humano permeia o processo de forma integral, valorizar a equipe profissional se torna basilar. Ao final, os colaboradores serão os responsáveis pela implementação do projeto conforme as nossas expectativas e até pela superação delas a partir de sua otimização, relacionada à construção do projeto propriamente dita ou pela transmissão de experiências e lições aprendidas para futuros empreendimentos.
Um exemplo disso é o fomento ao “espírito de dono” que a Atlantic exerce: o management dialoga diretamente com os funcionários, compartilhando estratégias de trabalho e permitindo levantamento de perguntas e preocupações. O objetivo é fazer com que eles se sintam parte principal do sucesso do grupo e compreendam a importância de sua contribuição.
Podemos dizer, com orgulho, que a nossa visão gera resultados, como a performance exemplar do Complexo Eólico Morrinhos, localizado na Bahia. Segundo dados do Ranking Eólico de 2017, elaborado pela ePowerBay, ultrapassamos a marca de 60% em fator de capacidade média ao longo do ano e três dos parques que compõem o complexo figuraram entre os 10 do Brasil com maior índice de eficiência nesse quesito.
Mais do que ter informação, é preciso compartilhá-la e utilizá-la em prol do projeto a fim de mitigar possíveis riscos e potencializar a geração de energia eólica, que continua se expandindo. No entanto, sem controle, chegamos a empreendimentos ineficientes, nos quais foram aplicados investimentos robustos. A Atlantic Energias Renováveis se preocupa com esses casos e trabalha para não replicá-los, otimizando investimentos e criando uma cultura corporativa saudável dentro e fora do canteiro de obras.
Gabriel Luaces é COO (Chief Operating Officer) da Atlantic Energias Renováveis, empresa que atua no desenvolvimento, implantação e operação de projetos de geração elétrica provenientes de fontes renováveis em seis Estados brasileiros.
E-mail para contato: gabriel.luaces@atlanticenergias.com.br