Opinião

Digitalização é o futuro da infraestrutura da energia

Fazer a transição dos modelos tradicionais de sistemas e redes elétricas para os digitais é um passo fundamental para qualquer avanço, afirma em artigo Leandro Bertoni, vice-presidente da divisão de Power Systems da Schneider Electric para a América do Sul

Por Leandro Bertoni

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Não é de hoje que as discussões sobre a diversificação da matriz energética e a ampliação do acesso à energia estão nas pautas do mundo corporativo. No entanto, com a ampliação do interesse no mercado livre nos últimos meses, têm ganhado força os debates sobre a consolidação da digitalização na infraestrutura da distribuição – principalmente no que é oferecido hoje pelas concessionárias e, também, no que pode ser desenvolvido por meio das microgrids, ou seja, quando as próprias residências, empresas ou comunidades produzem, compartilham e comercializam sua eletricidade.

No Brasil, o segmento energético tem evoluído. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), em 2021 – ano do último levantamento completo, houve uma expansão de 7.562 MW na geração de energia elétrica. Além disso, 200 usinas entraram em operação no período, adicionando capacidade de geração de energia que pôde atender por volta de 17 milhões de domicílios.

Outro ponto que vem se desenvolvendo no País é o uso de energia limpa. De acordo com um levantamento da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, a geração de energia limpa cresceu 6% no primeiro quadrimestre de 2022, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Esses avanços têm aberto espaço para o crescimento do mercado livre de energia. Além de promover um controle maior sobre a gestão e mais independência sobre o que é produzido e consumido, aderir a essa modalidade ,seja uma residência ou uma empresa, permite um enorme avanço no quesito sustentabilidade. No entanto, para chegar em um cenário ideal – em que o modelo ganhe força total – é inevitável dizer: a digitalização precisa ser integrada à infraestrutura elétrica, seja das grandes redes ou microgrids.

Fazer a transição dos modelos tradicionais de sistemas e redes elétricas para os digitais é um passo fundamental para qualquer avanço, do avanço geográfico até evitar desperdícios do recurso ou a falta de qualidade na entrega final. A construção de uma rede inteligente é uma necessidade iminente das cidades em crescimento. Adotar dispositivos que entregam dados em tempo real, utilizar ferramentas e sistemas digitais e obter insights precisos sobre tudo o que acontece da produção até o consumo ajuda grandes e pequenos ecossistemas a manterem seu abastecimento de energia, reduzir custos e ganhar segurança.

Parte desse desenvolvimento depende diretamente das concessionárias. No entanto, com a independência energética cada vez maior, a digitalização também pode chegar às microgrids. Quem gera sua eletricidade precisa, acima de tudo, investir em tecnologia. Esse fator é essencial para o sucesso de cada projeto, independentemente da abrangência territorial ou complexidade do modelo de geração de energia limpa.

Um exemplo de algo que vem crescendo no segmento é o Sistema de Gestão de Distribuição Avançado (ADMS). Desenvolvido para aumentar a confiabilidade das redes e reduzir as emissões de carbono em todo o processo – da geração até a distribuição –, a solução tem ganhado força entre as concessionárias de energia e a tendência é que continue tendo cada vez mais espaço. Portanto, a digitalização é a chave para ampliação do acesso, melhora da qualidade e para o avanço do segmento.

Leandro Bertoni é vice-presidente da divisão de Power Systems da Schneider Electric para a América do Sul

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