Opinião

Setor elétrico precisa priorizar a adoção das microrredes

Microrredes fortalecem a autonomia energética em comunidades locais e áreas remotas, permitindo o fornecimento estável de energia mesmo durante os eventos climáticos extremos

Por Leandro Bertoni

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Com o aumento das mudanças climáticas, eventos ambientais mais intensos, como tempestades, inundações e incêndios florestais, têm sido cada vez mais frequentes. Esses fenômenos podem resultar em interrupções significativas no fornecimento de energia, deixando comunidades inteiras sem eletricidade por longos períodos.

Diante desse contexto, o mercado considera as microrredes como uma alternativa viável aos sistemas tradicionais de distribuição, promovendo uma grande mudança na forma como consumidores e comunidades lidam com o consumo de energia.

Entre suas principais vantagens está o fortalecimento da autonomia energética em comunidades locais e áreas remotas, permitindo que a população e as instalações mantenham um fornecimento estável de energia, mesmo durante os eventos climáticos extremos.

De modo geral, as microrredes distribuem a geração de energia e integram sistemas de armazenamento local, operando de forma independente da rede principal. Essa característica assegura a continuidade do fornecimento de energia mesmo em caso de danos à infraestrutura centralizada.

Além disso, a integração e o gerenciamento da demanda e dos diferentes recursos energéticos presentes em uma instalação possibilitam otimizar o consumo de energia com base nos preços vigentes, o que se reflete em benefício econômico nas operações do usuário. Vale lembrar que os custos energéticos representam uma parcela significativa das operações de uma organização, podendo variar entre 20% e 35% de acordo com o mercado.

Quando falamos de recursos energéticos, nos referimos a geradores, sistemas de cogeração, sistemas de armazenamento de energia e à própria rede elétrica, bem como aos sistemas fotovoltaicos ou outras fontes de energia renovável.

Esse consumo inteligente de energia também faz parte das estratégias de eficiência operacional e energética para assegurar a sustentabilidade das organizações, uma vez que promove a transição para fontes de energia mais limpas.

No geral, as microrredes são essenciais para uma matriz energética mais sustentável. Ao implementar geração distribuída e armazenamento de energia, esses sistemas contribuem diretamente para a redução das emissões de carbono e a mitigação das mudanças climáticas, além de evitar perdas de energia, pois os sistemas de controle associados à essa tecnologia otimizam a capacidade de lidar com cortes de energia.

Apesar de todos esses pontos positivos, é importante levar em conta que a implementação e adoção das microrredes exigem cuidado. O principal ponto de atenção está na disponibilidade financeira dos usuários para investir nessas soluções inovadoras. Em vista disso, modelos de negócios como o "Energy as a Service" têm se mostrado uma maneira de alavancar investimentos e propiciar que os usuários desfrutem dos benefícios das microrredes sem comprometer o capital de trabalho.

Quanto aos setores que podem se beneficiar mais dessas tecnologias, a abrangência é ampla: desde indústrias e estabelecimentos comerciais até conjuntos residenciais e comunidades remotas. A capacidade das microrredes de oferecer controle sobre os custos energéticos, integrar energias renováveis e aumentar a resiliência as torna uma escolha atraente para qualquer organização em busca de eficiência e sustentabilidade.

As microrredes representam, enfim, uma grande inovação tecnológica no panorama atual da energia, em que descentralização, eficiência e sustentabilidade convergem para moldar o futuro da energia de forma mais resiliente e inclusiva. Afinal, o potencial dessa tecnologia para promover a autonomia energética em comunidades locais e áreas remotas é imensurável.

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