Opinião

Hidrogênio: o vetor de energia do futuro e elemento-chave para a transição energética

Temos uma indústria de produção de hidrogênio renovável nascente e cuja expansão depende, em grande parte, de regulamentações em desenvolvimento que forneçam definições e viabilizem subsídios

Por Lucas Rodriguez Rosas

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No próximo dia 8 de outubro, comemoramos o Dia do Hidrogênio, data que nos oferece a oportunidade de tratar de importantes questões relativas ao papel indispensável deste elemento na transição energética.

A partir de nossa experiência de mais de 60 anos em toda a cadeia de valor do hidrogênio, desde a sua produção, transporte, distribuição e armazenamento, podemos afirmar que a versatilidade do hidrogênio é um dos fatores fundamentais para apoiar os esforços de descarbonização em todos os setores econômicos, inclusive aqueles que apresentam mais dificuldades em relação às questões de transição energética.

O hidrogênio é um vetor de energia limpa porque pode ser produzido com menor impacto ao meio ambiente que outras fontes energéticas, dependendo da sua rota produtiva. É claro que é importante saber a pegada de carbono das fontes atualmente disponíveis no planeta. Contudo, especificamente no caso do hidrogênio, ao limitá-lo apenas a qual foi a fonte de energia utilizada para produzi-lo, corremos o risco de restringir todo o seu potencial.

Acreditamos que classificar o hidrogênio apenas nas cores pela energia utilizada na sua produção e esquecer a pegada do seu ciclo de vida irá limitar e gerar um preconceito no impacto final que terá na natureza. Em última análise, o importante é perceber qual será o seu impacto ambiental e não nos limitarmos a avaliar a fonte de energia que o produziu. Por esta razão, afirmamos que categorizá-lo em hidrogênio renovável, de baixo carbono e fóssil é a forma mais sincera de abordar a descarbonização do planeta.

O hidrogênio pode ser utilizado para descarbonizar indústrias difíceis de abater, como a produção de ferro e aço, cimento e produtos químicos diversos, além de ser uma solução eficaz para o transporte pesado. Por isso mesmo, será uma das principais soluções para que se alcance a meta estabelecida por 195 países no Acordo de Paris (2015), que prevê esforços coletivos para que o aumento da temperatura média global não ultrapasse os 2oC em relação aos níveis pré-industriais e, de preferência, fique abaixo de 1,5oC em relação aos mesmos níveis.

De acordo com dados do Conselho do Hidrogênio, que reúne mais de 130 grupos empresariais com atuação global no segmento de Energia e do qual somos um dos fundadores, o hidrogênio cobrirá 22% da procura global de Energia até 2050 e representará um negócio de 2,5 bilhões de dólares.

Mas, e o Brasil? Em que estágio se encontram as discussões e projetos relacionados ao papel do hidrogênio na transição energética por aqui? Em nosso País, temos uma indústria de produção de hidrogênio renovável nascente e cuja expansão depende, em grande parte, de regulamentações em desenvolvimento que forneçam definições e viabilizem subsídios para apoiar o desenvolvimento do setor. Por outro lado, a eletricidade é um dos fatores que mais impactam o custo do hidrogênio no Brasil; alcançar uma energia mais competitiva reduzirá os custos de produção.

Acreditamos que o foco dos debates sobre o papel do hidrogênio na transição energética deve estar no resultado ambiental esperado, o que permitirá aos produtores a flexibilidade para prover um fornecimento robusto de hidrogênio de baixo custo, minimizando ao mesmo tempo os impactos ambientais. Trata-se de um tema urgente e de alcance global e que demanda esforços coletivos para que se avance, cada vez mais, rumo a um futuro livre de emissões carbônicas.

Lucas Rodriguez Rosas é Diretor de Transição Energética da Air Liquide para a América Latina

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