Opinião

Inovação colaborativa: a chave para um futuro possível nas smart cities

Um futuro possível é criarmos cada vez mais cidades sustentáveis, eficientes e voltadas para o bem-estar dos cidadãos, mas com a garantia de que sejam construídas com a participação e envolvimento de todos os seus habitantes

Por Renata Ramalhosa

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No contexto dos atuais debates sobre as smart cities, que utilizam tecnologias avançadas para promover qualidade de vida, desenvolvimento sustentável e eficiência dos serviços públicos, é imprescindível considerar a aplicação de conceitos de inovação colaborativa.

A inovação colaborativa permite o envolvimento de diferentes partes interessadas na busca de soluções práticas e efetivas para os desafios urbanos. É conhecimento de causa local aplicado à solução de um problema. 

Por meio dela, por exemplo, uma parceria entre uma empresa de tecnologia e uma universidade pode gerar soluções tecnológicas inovadoras que ajudem a melhorar a mobilidade urbana, a gestão de resíduos ou a eficiência energética. Essas soluções podem ser testadas e implementadas junto às autoridades locais e comunidade, garantindo que atendam necessidades específicas de cada cidade.

Um futuro possível é criarmos cada vez mais cidades sustentáveis, eficientes e voltadas para o bem-estar dos cidadãos, mas com a garantia de que sejam construídas com a participação e envolvimento de todos os seus habitantes.

O mundo tem vários exemplos disso. Em Barcelona, na Espanha, a plataforma digital Decidim Barcelona permite que os cidadãos colaborem com a tomada de decisões na cidade, por meio de sugestões, participação em debates e votação em projetos já em curso. 

Já em Amsterdã, na Holanda, existe um programa chamado Amsterdam Smart City, realizado em parceria com empresas locais, universidades e organizações sem fins lucrativos para desenvolver soluções para questões ligadas à energia, mobilidade, uso da água e resíduos sólidos urbanos (RSU).

Outro exemplo está em Portugal, com a Smart Open Lisboa (SOL), promovida pela Câmara Municipal de Lisboa, que estimula a inovação em áreas como mobilidade, sustentabilidade, transição energética e qualidade de vida. O programa conecta empresas, startups, universidades e organizações governamentais.

O exemplo da SOL torna-se mais interessante porque a iniciativa atrai startups e empreendedores de todo o mundo com interesse em se estabelecer em Lisboa, para poderem trabalhar com a prefeitura e com parceiros locais. 

Já no Brasil, Curitiba (PR) é uma referência de sucesso no uso de tecnologias inteligentes para tornar a cidade mais eficiente e amigável ao meio ambiente. Lá, o Instituto das Cidades Inteligentes (ICI), organização sem fins lucrativos, trabalha em colaboração com a prefeitura no desenvolvimento de aplicativos, sistemas de informação geográfica e outras tecnologias para melhorar a eficiência dos serviços públicos.

Outra interessante iniciativa, esta em Cruciúma (SC), visa a criação um centro de cibersegurança para o setor de energia, que replicaria, em menor escala, a experiência do distrito tecnológico de Gav-Yam Negev Tech Park, que abriga um empreendimento desse tipo em Israel. Conforme noticiado aqui no EnergiaHoje, o centro seria uma das rotas de transformação da região de Criciúma e faz parte do projeto maior chamado de Cidade do Conhecimento.

Esses são apenas alguns exemplos de inovação colaborativa em smart cities por vários países pelo mundo. 

É importante reconhecer que, quando estamos falando de cidades, estados ou países, devemos pensar nos seus stakeholders e na necessidade de um trabalho coletivo no diagnóstico de desafios. Mas, acima de tudo, é preciso pensar no desenvolvimento de soluções que atendam de forma sistêmica as necessidades dos cidadãos e permitam mais qualidade de vida com menos impacto para o nosso planeta. 

Renata Ramalhosa é ex-diplomata e CEO & co-fundadora da Beta-i Brasil

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