Opinião

Nova configuração da oferta de petróleo no mundo beneficia o Brasil

No ano passado, os dados demonstraram um aumento de 4% na sua produção offshore e de 68,3% nas exportações de óleo cru

Por Victor Arduin

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O número de sondas de perfuração para óleo e gás, um indicador sobre produção futura, caiu para 654 na semana que terminou em 13 de agosto. Algumas operações de petróleo e gás estão mais caras e menos lucrativas dado a abrupta queda dos preços da commodity no primeiro semestre do ano.

Embora a maior parte do declínio em 2023 tenha ocorrido porque os players menores precisam de preços mais altos de petróleo e gás para sustentar suas operações, os produtores ativos estão aumentando sua participação no mercado por meio da produtividade. Os perfuradores dos EUA estão aumentando a produção dos poços existentes aumentando sua eficiência de perfuração e novas técnicas de extração, como a refração de poços de xisto.

Enquanto isso, a nova configuração da oferta de petróleo no mundo beneficia o Brasil, que deve registrar seu maior volume de exportação de petróleo em 2023.

Aumento da produção de petróleo nos EUA com base em mais produtividade

Desde julho, os preços do petróleo subiram mais de 10%, refletindo uma ação coordenada dos membros da Opep+ que restringiram a oferta da commodity ao mundo. Com preços mais altos e forte demanda, os produtores não pertencentes ao cartel receberam incentivos para aumentar sua produção de petróleo. É o caso dos EUA, que podem aumentar sua produção em 850.000 bpd para um recorde de 12,76 milhões de bpd em 2023, segundo a Energy Information Agency (EIA).

No entanto, o número de sondas de perfuração, um indicador associado à produção futura de petróleo, tem caído rapidamente este ano nos EUA, o que pode resultar em uma menor produção de petróleo em breve. Após o pico em julho, sinais de menor produção estão surgindo. A bacia do Permiano, que responde por quase 40% de toda a produção de petróleo nos EUA, caiu sua produção pelo terceiro mês para 5,8 milhões.

Entretanto, a diminuição do número de unidades provocou um fenómeno importante nos últimos anos nos EUA, o aumento da produtividade na extração de petróleo e gás. As quedas abruptas dos preços afastaram do mercado os concorrentes menos eficientes, que precisam de interromper as suas atividades para evitar o risco de perdas operacionais. Este fato acaba por beneficiar as empresas com melhores economias de escala que aumentam a sua produção para acompanhar a procura de petróleo.

Contudo, o aumento de produtividade pode não ser o suficiente para atender à crescente demanda. Mesmo que o preço médio do petróleo tenha melhorado nas últimas semanas, os preços baixos do gás natural devem evitar o retorno de empresas no curto prazo e oferecem incentivos para empresas em operação gerenciarem suas reservas com parcimônia.

Fortes previsões de exportação de petróleo incluem o Brasil

O Brasil é outro país que também vem consolidando sua posição no comércio internacional de petróleo. No ano passado, os dados mostraram um aumento de 4% em suas operações de produção offshore e de 68,3% nas exportações de petróleo bruto. Este ano, as exportações de petróleo já cresceram mais de 15% em relação ao mesmo período do ano passado e devem registrar o maior volume de exportações da história do país, superando até 2022, que detinha o recorde anterior.

A atual conjuntura de mudança na cadeia energética mundial abriu oportunidades para novos players, e o Brasil tem aproveitado esse cenário para aumentar sua presença no mercado internacional. O país tem feito fortes investimentos em FPSOs.

Victor Arduin é analista de Energia e Macroeconomia da hEDGEpoint Global Markets

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