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Vídeo: Suzana Kahn, da Coppe/UFRJ

Suzana Kahn, diretora da Coppe/UFRJ, destaca o papel das tecnologias do setor petróleo para o avanço as energias renováveis, as rotas tecnológicas para descarbonização em desenvolvimento com recursos da cláusula de PD&I e comenta sobre o apagão de mão de obra no setor

Por Rosely Maximo

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Veja a vídeo-entrevista: 

Em um contexto de mudanças climáticas e crescente demanda por soluções sustentáveis, como se conciliam as agendas de petróleo e gás com a transição energética? Para Suzana Kahn, diretora da Coppe/UFRJ, essas agendas estão intrinsecamente conectadas. Segundo ela, tecnologias desenvolvidas pela indústria de petróleo e gás são fundamentais para avançar em energias renováveis, como a eólica offshore. “Toda a estrutura oceânica, como bóias e sensores, veio do conhecimento acumulado pela indústria de óleo e gás”, destaca.

Nesse sentido, o papel da Cláusula de PD&I, exigida pela ANP, tem sido crucial para fomentar o desenvolvimento tecnológico no Brasil. “Essa cláusula destina recursos consideráveis para a pesquisa e capacitação, criando laboratórios e formando profissionais”, explica Suzana. Ela ressalta que o setor de petróleo tem sido um “drive” essencial para a inovação, mas identifica a necessidade de outras áreas adotarem abordagens semelhantes.

Uma das tecnologias mais promissoras para a descarbonização da indústria é a captura e armazenamento de carbono (CCS) e sua utilização (CCUS). Suzana aponta que o foco está no aproveitamento econômico do carbono capturado. “O desafio é como fazer isso de forma eficiente e competitiva”, afirma. Na Coppe, pelo menos 13 laboratórios estudam soluções para separação, transporte e conversão de CO2 em novos combustíveis ou produtos químicos.

A diretora enfatiza como os avanços tecnológicos transcendem fronteiras. Estudos sobre meios porosos, usados para estocar CO2, estão sendo aplicados em recursos hídricos e agricultura. “O conhecimento gerado em uma área acaba impactando diversas outras, ampliando as possibilidades de inovação”.

Outro destaque é o hidrogênio verde, produzido a partir de fontes renováveis como eólica e hidrelétricas. “O Brasil está em uma posição muito confortável para produzir hidrogênio totalmente descarbonizado”, avalia Suzana. Embora ainda enfrente desafios de custo e infraestrutura, ela acredita que os investimentos crescentes aceleram o horizonte de viabilidade econômica.

Em relação ao apagão de mão de obra atual no setor petróleo, Suzana adverte sobre a falta de interesse por carreiras em engenharia em geral, e sugere que a modernização dos currículos e formatos dos cursos pode ser uma solução. “Precisamos refletir sobre como tornar a engenharia mais atraente e adequada às expectativas dos jovens”, conclui.

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