Opinião

Caminhos para a consolidação eólica

A fonte, que entrou no mercado brasileiro por programas de subsídios e a custos muito altos, tem hoje participação de 2% na matriz elétrica

Por Redação

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Encerramos 2012 com resultados virtuosos para a energia eólica brasileira, uma indústria que em menos de três anos acrescentou, em termos de contratação, 7 GW de capacidade ao sistema elétrico nacional. A fonte, que em um passado muito recente entrou no mercado brasileiro por programas de subsídios e a custos muito altos, tem hoje participação de 2% na matriz elétrica. Ao final de 2017, chegará a 5,5%, contando apenas os projetos já contratados. 
O último ano marcou os principais caminhos para a consolidação da energia eólica na matriz elétrica brasileira, considerando-se que sua inserção se fez ao longo de 2011, quando atingiu patamares de preço que a tornaram a segunda fonte mais competitiva do país. Com os atuais 2,4 GW de capacidade instalada no sistema, e mais 6,2 GW em construção, esse montante representa, de fato, a efetiva inserção da indústria eólica no país. Somente em 2012 instalamos 38 novos parques eólicos, totalizando 108 empreendimentos, e acrescentamos 1 GW ao sistema. A expansão anual, de 2,5 GW, possibilita o fornecimento de energia a quatro milhões de residências. 
A energia eólica é uma fonte limpa e renovável, que gera empregos e renda para o Brasil. Em 2012 foram gerados 15 mil postos de trabalho diretos e indiretos. Existem hoje 11 fabricantes instalados no país. Apenas no último ano foram investidos no setor cerca de R$ 7 bilhões, e a previsão é chegar a R$ 50 bilhões até 2020.
Os recém-publicados dados do Plano Decenal de Energia (PDE) 2021, documento do governo federal que define metas do setor de energia para o período 2012-2021, evidenciam o crescimento surpreendente da fonte eólica no Brasil. Segundo o PDE, a participação eólica na matriz elétrica chegará a 9% em 2021, com 16 GW instalados.
Diante desses números volumosos e virtuosos, é importante notar que o crescimento exponencial de um setor de infraestrutura com tamanha complexidade traz muita responsabilidade e muitos desafios. Em 2012, o setor enfrentou desafios importantes, como a logística de transporte e de transmissão, com destaque para os atrasos das estações coletoras (ICGs). Vale lembrar a importante revisão das regras no credenciamento dos fabricantes na linha de financiamento Finame, oferecida pelo BNDES, somada aos sucessivos adiamentos dos leilões e a publicação da MP 579 sinalizando momentos sensíveis para o setor elétrico como um todo. 
Também pouco animador foi o resultado do leilão de dezembro de 2012, quando foram contratados cerca de 560 MW no total, sendo 281 MW eólicos. Diante de uma contratação tão baixa, esse leilão não é capaz de sinalizar as perspectivas para o setor e tampouco servir de parâmetro para decisões. 
A despeito dessas dificuldades, em termos de capacidade instalada de fonte eólica o Brasil saltará da 16ª posição para ficar na lista dos dez países com maior potência eólica instalada do mundo, o que demonstra o cenário virtuoso pelo qual o setor vem passando. Isso mesmo com 2012 não tendo sido muito animador sob o aspecto da contratação, visto que a economia cresceu menos do que o esperado e as distribuidoras estão sobrecontratadas. 
Para 2013 esperamos a retomada do crescimento do PIB do país para algo em torno de 4% e dos níveis de contratação de energia elétrica para 5 GW anuais, em média. Dessa forma, será possível manter a meta de 2 GW contratados anualmente nos leilões regulados, meta essa necessária ao setor para garantir a consolidação e a sustentabilidade dessa indústria tão promissora.
 
 
Elbia Melo é presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica)

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