Opinião

As International Oil Companies serão relevantes em 2030?

Por Roberto Nava, José de Sá e Rodrigo Más, da Bain & Co.

Por Redação

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As International Oil Companies (IOCs), como as norte-americanas ExxonMobil e Chevron e as europeias BP, Shell e Total, dominaram a indústria de óleo e gás por décadas. Tudo indica, porém, que essas empresas serão, em 20 ou 30 anos, apenas sombras do que já foram. Algumas, inclusive, poderão tornar-se apenas parte da História, a não ser que seu modelo de negócios seja reinventado.

Nos últimos dez anos a situação parecia razoável: os principais indicadores de desempenho das IOCs – taxas de reposição de reservas, reservas controladas pelas IOCs em relação a reservas totais, crescimento da produção – foram ligeiramente positivos. Entretanto, entre 2002 e 2010, o valor de mercado dessas petroleiras cresceu quatro vezes menos que o das National Oil Companies (NOCs), como a Petrobras, no Brasil, e a Statoil, na Noruega. Isso mostra que a perspectiva futura do mercado em relação às IOCs não é particularmente otimista.

De fato, nos últimos 40 anos as IOCs perderam controle das reservas mundiais para as NOCs, foram deslocadas para atividades de E&P em áreas cada vez mais desafiadoras e tiveram de correr atrás do tempo: suas reservas atuais correspondem a apenas 13 anos de produção, contra 78 anos das NOCs. As IOCs também perderam grande parte do diferencial tecnológico que detinham, e os países detentores de reservas se tornam cada vez mais resistentes à sua participação em seus projetos de E&P.

Para reverter esta tendência de perda de relevância, as IOCs podem tentar fortalecer algumas alavancas “tradicionais” de diferenciação, como tecnologia, práticas de gestão e governança (nos projetos em parceria) ou posicionamento no segmento de refino e distribuição em mercados consumidores relevantes para as NOCs. Elas ainda podem intensificar movimentos de consolidação na indústria, através de fusões e aquisições.

Acreditamos, no entanto, que as IOCs devem repensar seu papel para se manterem relevantes.
Perseguir formas tradicionais de acessar reservas, em um cenário no qual oportunidades de alto retorno se tornarão cada vez mais escassas, fatalmente levará a um momento em que o setor buscará movimentos de fusão ou venda como melhor alternativa de investimento. Acelerar esse processo, “desmembrando” ativos em pedaços e vendendo-os pelas melhores ofertas, também poderia prover retornos diferenciados aos acionistas das IOCs. Não nos parece, porém, que essa alternativa seja verdadeira para todas elas.

Outra alternativa é repensar o valor agregado que as IOCs podem oferecer a países detentores de reservas. Aqui falamos em transformar sua contribuição, restabelecendo a liderança como provedora de tecnologia e serviços de E&P, ou liderando a viabilização de reservas significativas marginais, como os depósitos de stranded gas da Sibéria e as oil sands no Canadá.

As IOCs podem também fomentar mudanças radicais nas “regras do jogo” no mercado mundial de energia, por exemplo, através de um maior foco na produção de renováveis, tanto consolidando e aumentando a sua oferta, quanto estimulando maior demanda nos grandes países consumidores. No entanto, em ambas as opções, as IOCs podem não dispor do tempo necessário para viabilizar tamanhas transformações tecnológicas ou nas “regras do jogo”.

Finalmente, pode ser que exista espaço para criar uma nova forma de aproximação entre IOCs e NOCs, independentemente de conflitos políticos. Esse posicionamento passa por uma mudança de postura, em que o foco passa do máximo controle possível para o alinhamento de interesses de longo prazo. Esse alinhamento pode tomar várias formas, desde uma fusão total entre NOC e IOC até a criação de um braço independente de refino e distribuição com uma marca neutra, mas global, em troca de acesso a recursos e reservas através de parcerias.

As IOCs não têm muito tempo para se reinventarem. A sobrevivência nesse contexto requer decisões e ações antes de seus competidores. E aquelas que não reconhecerem essa necessidade adotarão essa postura por sua conta e risco.

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