Opinião

O mercado de microgeradores eólicos

Por Redação

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Ainda engatinhando, o mercado mundial de aerogeradores de pequeno porte cresce atualmente concentrado em apenas três países: China, Estados Unidos e Reino Unido, segundo o Relatório Mundial de Pequenos Aerogeradores 2014, publicado pela Associação Mundial de Energia Eólica (WWEA). Até o fim de 2012, a WWEA registrava um total de 806 mil instalações em todo o mundo, um crescimento de 10% em relação ao ano anterior.

O estudo revela que os três principais vetores para o avanço desse mercado são o aumento do preço dos combustíveis fósseis, o aquecimento global e a crescente demanda por eletricidade. Políticas de apoio e padronizações, todavia, seria necessárias para o amadurecimento da tecnologia.
O Brasil tem se consolidado nos últimos anos como o maior mercado de energia eólica da América Latina, com uma capacidade instalada de 5,9 GW ao final de 2014, representando 4,4% da matriz elétrica brasileira, segundo a ABEEólica.

Quando se trata de minigeradores, contudo, a situação é bem diferente. O Banco de Informações de Geração (BIG) da Aneel registrava, até janeiro de 2015, apenas 20 aerogeradores de pequeno porte conectados à rede pela Resolução Normativa (RN) 482/2012. A potência varia de 1,1 kWp a 5 kWp e eles estão instalados no Maranhão, Rio Grande do Sul, Ceará e Rio Grande do Norte.

Um dos principais motivos para o baixo número desses sistemas conectados à rede talvez seja a falta de conhecimento da população sobre a RN 482/2012 e, em especial, sobre o funcionamento dessa tecnologia. Antes de adquirir um microgerador, por exemplo, o consumidor deve ter medições detalhadas da velocidade do vento no lugar e na altura onde se pretende instalá-lo. Medições como a do Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, do Cepel, são feitas para sistemas de grande porte, que normalmente têm mais de 50 m de altura, enquanto microgeradores eólicos geralmente possuem entre 10 m e 40 m. Apesar do recomendado ser acompanhar dados da velocidade dos ventos durante um ano, com três meses de medição já é possível recolher informações suficientes.

Outros pontos importantes a serem observados, sobretudo em ambiente urbano, são as distâncias de obstáculos; o modo de fixação sobre telhados, a possibilidade de ruídos ou sombras que possam incomodar vizinhos e a existência de entradas para acesso de caminhões que transportam o equipamento no local previsto para a instalação. 

Com uma análise prévia das condições do local e escolhido um equipamento que atenda à demanda, o consumidor poderá contribuir para a redução do impacto ambiental de seu imóvel, ao mesmo tempo que obtém reduções na conta de luz a longo prazo, especialmente se considerados os aumentos tarifários previstos para os próximos anos.

Essas e outras informações foram detalhadas na cartilha educativa, produzida pelo Instituto Ideal, ?Como faço para ter energia eólica em minha casa??. Disponível na versão on-line em http://www.institutoideal.org/guiaeolica, ela também é distribuída para instaladores e instituições de ensino na versão impressa. O material foi produzido com o apoio da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH e com o apoio institucional da Aneel, ABEEólica, Instituto Senai de Tecnologia ? Energias Renováveis, MDIC e ABDI.

Com medidas educativas como esta, espera-se contribuir para o aumento da participação da geração distribuída no país, que traz uma série de benefícios para as cidades e seus habitantes. O conhecimento é o primeiro passo para mudanças, sejam elas de ordem tecnológica, política, social ou ambiental. A diversificação e a descentralização da matriz podem representar uma maior segurança energética, a exemplo de como age a natureza, que buscou a diversidade biológica como uma das saídas para aumentar a resiliência de seus ecossistemas.

Paula Scheidt é gerente de projetos do Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina (Ideal)

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