Opinião

Competitividade da indústria nacional

Por Redação

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A Lei do Petróleo, de 1997, criou um novo paradigma na gestão e no gerenciamento das nossas reservas de petróleo e gás natural. Ao comemorar seus dez anos, poderíamos brindar com os barris de petróleo da auto-suficiência. Mais do que isso, porém, o que vemos são resultados expressivos não somente na produção, mas também nos tributos, na atração de investimentos, no fortalecimento da indústria nacional fornecedora, na geração de trabalho e renda e na distribuição da riqueza entre os entes federativos.

Em números concretos, a participação do petróleo no PIB nacional saltou de 2,8% em 1997 para mais de 10% atualmente. A previsão de investimentos até 2011 é de cerca de U$ 130 bilhões, sendo 75% oriundos da Petrobras e o restante, das companhias privadas. Para a indústria fornecedora, as perspectivas são animadoras. A abertura trouxe grandes oportunidades para pequenas empresas do setor se relacionarem com os grandes compradores, além da Petrobras.

A petroleira nacional, como não podia deixar de ser, continua sendo o principal player, e apesar do pessimismo de alguns, o aumento da concorrência no setor consolidou a companhia como empresa forte no cenário nacional e viabilizou-a no mercado internacional. O anúncio feito pela Petrobras de que pretende comprar de fornecedores nacionais o equivalente a US$ 63 bilhões nos próximos cinco anos - ou US$ 12,5 bilhões ao ano - deixou o mercado otimista.

Pelo plano anunciado pela estatal, estão previstos investimentos de U$ 112,4 bilhões para o período 2008-2012, sendo 87% (U$ 97,4 bilhões) aplicados em projetos no Brasil e 13% (U$ 15 bilhões) no exterior. São números extraordinários para o parque fornecedor, que, embora com alta taxa de ocupação, está preparado para atender à demanda e pronto para realizar novos investimentos, à medida que os novos contratos se confirmem.

Há ainda, entretanto, alguns gargalos que devem ser tratados. É difícil pensarmos em nosso desenvolvimento sem antes enfrentarmos o desafio de dotar o Estado de capacidade competitiva com os padrões internacionais. Ao falarmos de competência internacional, devemos entender que a redução de custos no valor final dos produtos é um dos mais importantes fatores. Este objetivo deve ser perseguido na busca da competitividade.

Neste sentido, é imprescindível que o foco do nosso parque científico esteja voltado para as necessidades de desenvolvimento dos setores industriais, ou melhor, para todas as atividades geradoras de riqueza. Não podemos dissociar nossa capacidade já instalada dos setores em desenvolvimento. Se hoje temos um panorama promissor no setor de petróleo e gás, devemos voltar nossas pesquisas para este setor e assim dotá-lo de inovações tecnológicas que agregarão valor final ao produto, fazendo com que este segmento econômico possa competir no mercado internacional com os países mais desenvolvidos.

Associarmos nossa capacidade já instalada com a realidade das demandas exigidas pelos setores produtivos significa agregar valor. O que todos querem é maximizar as encomendas da indústria do petróleo no fornecedor nacional, com o objetivo de utilizar o potencial investidor desse segmento industrial para alavancar a geração de trabalho e renda no país. Vamos aproveitar este bom momento para fortalecer a indústria nacional com a elaboração de uma política industrial mais estruturada, para que tenhamos mais chances no competitivo mercado globalizado.

Desafios existem e estão aí para ser enfrentados. Custo do financiamento, carga tributária, disponibilidade de recursos para inovação nas empresas e falta de mão-de-obra qualificada são temas que hoje precisam avançar para garantirmos a competitividade da indústria nacional. A expectativa do setor produtivo é que soluções sejam encaminhadas para que o atendimento das encomendas do setor petróleo, por empresas nacionais, avance ainda mais. O futuro é promissor. O setor está aquecido, mas equacionar alguns fatores é determinante para garantir a competitividade da indústria nacional.

Eloi Fernandez y Fernandez é diretor-geral da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip)

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