Opinião

Escassez de mão de obra para o pré-sal

Por Adriano Bravo, da Petra Executive Search

Por Redação

Compartilhe Facebook Instagram Twitter Linkedin Whatsapp

O setor de óleo e gás vem ganhando força no cenário econômico brasileiro. A recente descoberta da camada pré-sal elevou o Brasil ao potencial de se tornar um dos principais países produtores de petróleo no mundo e causou o aquecimento do mercado, que deve prosseguir até 2020. Investimentos não faltam no setor, que acena com a urgente necessidade de mão de obra especializada.

A falta de profissionais para atender a essa demanda é o assunto do momento e virou um desafio para governo e empresas, que precisam encontrar perfis que se encaixem em áreas peculiares do projeto pré-sal. O maior déficit é de engenheiros, profissionais de pesquisa de exploração e desenvolvimento – engenheiros de reservatório, geofísicos, petrofísicos e geólogos de petróleo e gás –, e profissionais voltados para operar as sondas de perfuração e as plataformas de produção.

Até pouco tempo atrás, o segmento de óleo e gás era um setor da economia formado por profissões pouco atraentes ou desconhecidas do público em geral e que não ofereciam amplas oportunidades. Mas, com as profundas mudanças ocorridas de dez anos para cá, sobretudo nos últimos cinco anos, baseadas nas novas descobertas da Petrobras e de empresas internacionais, deu-se um rápido crescimento do setor, que em pouco tempo começou a demonstrar estrangulamento em termos de profissionais plenos e seniores, principalmente quando as empresas passaram a demandar mão de obra nacional.

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) feito no início deste ano mostrou que o Brasil não tem número suficiente de engenheiros para dar conta dos novos postos que devem surgir com o crescimento econômico. Ainda segundo a pesquisa, de cada sete engenheiros formados no país, apenas dois estão formalmente empregados em funções típicas da profissão.

Quando comparado a outros países, o Brasil fica, de fato, muito atrás. Hoje, cerca de 30 mil engenheiros saem das universidades brasileiras por ano. Na Coreia do Sul esse número chega a 80 mil, e na Rússia, 140 mil. China e Índia vão mais além: por ano se formam 600 mil e 250 mil engenheiros, respectivamente.

Empresas especializadas em recrutamento vêm aumentando seu contingente, até mesmo de engenheiros, para dar conta do entendimento técnico das posições e da demanda contínua. Essa demanda já ultrapassou a simples procura local e passou até mesmo a focar a busca em profissionais brasileiros alocados em projetos no exterior e em profissionais oriundos de países do Mercosul. Para se ter uma ideia, em algumas posições especializadas contamos apenas com quatro ou cinco profissionais em todo território brasileiro para uma demanda que supera seu número físico.

Devido à falta de profissionais especializados, a remuneração para quem atua nesses segmentos está elevada. Uma série de posições para a área de pesquisa de reservas chega a atingir cerca de R$ 30 mil. Recém-formados em engenharia com inglês fluente e que pretendem trabalhar em regime offshore chegam a ganhar em torno de R$ 7 mil. E a carência só começará a se equilibrar dentro de cinco a dez anos, dependendo da área de formação.

Não basta, porém, ter o diploma. É preciso especialização ou experiência na área. O Ipea também estimou que a exploração da camada pré-sal deverá aumentar a demanda do país por profissionais plenamente especializados, como engenheiros e geólogos. Por isso, o governo, a ANP, as universidades e o Senai uniram esforços para elevar o número de formandos de 30 mil para 100 mil nos próximos cinco anos. A intenção é evitar que não apenas o pré-sal, mas a economia brasileira como um todo, não trave seu crescimento por falta de profissionais para cuidar dos principais empreendimentos de infraestrutura do país.

Adriano Bravo é headhunter e CEO da Petra Executive Search

Outros Artigos