Opinião
Já estamos na quarta revolução industrial
Existem, porém, grandes desafios para que essa indústria surfe a nova onda
A indústria de petróleo tem experimentado tempos turbulentos. E ante os baixos preços da commodity, as operadoras vêm empenhando esforços para minimizar custos e riscos, além de priorizar projetos que assegurem maior produtividade e gerem os recursos necessários à manutenção de suas operações.
Em função da complexidade cada vez maior de suas atividades – da exploração e produção ao refino e geração de derivados de hidrocarbonetos –, esse setor exige constante inovação tecnológica para aumentar a eficiência. Mais ainda, demanda uma convergência de tecnologias, um dos pilares da indústria 4.0, também denominada de quarta revolução industrial, que conecta, de forma inteligente, máquinas, sistemas e pessoas a processos. Utilizado durante a Hannover Fair, em 2011, na Alemanha, para definir uma tendência industrial global a partir do desenvolvimento das chamadas smart factories, o termo Indústria 4.0 ganha mais força com o trabalho intitulado The Fourth Industrial Revolution, publicado pelo economista Klaus Schwab, do Fórum Econômico Mundial.
Ele afirma que o que vivemos agora é uma revolução digital impulsionada por distintas tecnologias, entre as quais robótica, manufatura aditiva, Big Data, advanced analytics, segurança cibernética e internet das coisas (IoT, Internet of Things).
Essa revolução já começa a impactar a indústria de óleo e gás. Nesse processo evolutivo as operadoras têm atuado em fina sintonia com a cadeia de fornecedores no desenvolvimento de soluções tecnológicas, tais como completação inteligente de poços, complexos sistemas submarinos, redes de monitoramento em tempo real de ativos e processos, entre outras.
São enormes os desafios dessa indústria, especialmente na área de E&P, que demanda soluções personalizadas para cada projeto, uso intensivo de tecnologias, maior eficácia na gestão operacional e mais e mais segurança em todas as etapas. Tudo isso “para ontem”, mediante a necessidade de reduzir custos e riscos, ao mesmo tempo em que é preciso aumentar a produção.
Enfim, essa indústria requer soluções 4.0, como o Data Analytics, que já vem apresentando ganhos significativos em muitas indústrias e ainda é pouco utilizado pelo setor de petróleo. Informações confiáveis e em tempo real são cruciais para a tomada de decisão, principalmente quando se referem à gestão da integridade de ativos-chaves, como as plantas industriais, em especial aquelas que operam em condições diferenciadas como as plataformas offshore.
É para esse cenário que a Ouro Negro vem disponibilizando tecnologias como o MODA, um sistema inteligente de monitoramento da integridade dos risers flexíveis, desenvolvido em parceria com a PUC-Rio e o Cenpes. O MODA – uma das tecnologias usadas no pré-sal pela Petrobras, que recebeu a Distinguished Achievement Award da Offshore Technology Conference (OTC) em 2015 –, é um exemplo de solução da Indústria 4.0, na qual o setor de óleo e gás vem se inserindo.
Existem, porém, grandes desafios para que essa indústria surfe a nova onda. Toda revolução tecnológica gera uma revolução cultural, que, neste caso, deve ser transversal a todos os níveis da organização. Apenas desta forma será possível a indústria capturar os benefícios dessa revolução.
Eduardo Costa é CEO da Ouro Negro