Opinião

Opções de organização em agências de petróleo

Por Redação

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Agências de petróleo têm, de forma genérica, os objetivos de estudar, promover, gerir a regulação e fiscalizar os sistemas de petróleo e gás de um país, balanceando a preservação da riqueza natural de propriedade da nação e a operação da exploração, produção, refino, transporte e distribuição pelos diversos atores industriais (Decreto no  2.455, de 14.1.1998).
O processo produtivo sintético da sequência de óleo e gás pode ser descrito como o da figura 1.

Uma primeira alternativa de organização interna de agências seria pela segmentação com base nos processos produtivos. No caso de Óleo e Gás, se existirem quatro divisões internas (diretorias, por exemplo), poderiam ser Upstream, Midstream, Downstream e, possivelmente, uma Geral Corporativa. As funções Estudos, Promoção, Contratação, Desenvolvimento, Fiscalização, Segurança Industrial, Monitoramento de Preços, Política do Segmento e Gestão e todas as outras tarefas se localizariam dentro de cada diretoria, que contemplaria todos os assuntos do segmento relacionado. Assim, as atividades de um segmento completo estariam alinhadas, ou seja, tomando o exemplo de Upstream, tanto a Exploração, o Desenvolvimento da Produção e a Operação da Produção estariam sob a visão comum de uma mesma direção, em todos os seus aspectos. Para os externos, como operadores, investidores e fornecedores, poderia haver clareza e uniformidade de ações, além de sequência provavelmente mais fluida nas interfaces dos assuntos conexos.

Esta visão replica, em tese, organizações de empresas de O&G, que normalmente também se estruturam conforme a cadeia produtiva. Há o risco de importância desbalanceada entre as diretorias, uma vez que Upstream, por exemplo, é normalmente maior em investimentos e interesse para negócios. (Figura 2)

Outra opção de organização seria a da segmentação por funções, como Estudos, Promoções e Desenvolvimento, outra de Operação e Segurança Industrial, outra ainda de Fiscalização e uma Geral Corporativa. Uma possível vantagem é a da uniformização de funções, independentemente da parte da sequência produtiva. Ou seja, por exemplo, a fiscalização se daria com bastante semelhança em todas as áreas, como em Exploração, Produção, Refino, Transporte e Distribuição, etc. Seria um ganho em equilíbrio de procedimentos, com forte passagem de conhecimento entre áreas das diferentes etapas da cadeia produtiva. (Figura 3)

Esta opção de organização traria a vantagem da uniformização e equilíbrio da profundidade de atuação em todas as fases da cadeia produtiva. Quem fiscaliza Exploração, o faz também para Produção, Refino, Distribuição, Gas, etc.
Uma terceira visão seria organizar sem uma lógica específica, mas misturando e diversificando as entidades e concentrações internas, visando tanto a não “feudalização” de atividades, como promovendo a transferência de conhecimento e especialidades entre áreas e participantes de diferentes origens. Forçaria o entendimento com a diretoria contígua, não permitiria domínios gerais por um só cidadão. Esta maneira de organizar se dá mais por afinidades entre gestores, preferências de áreas, escolhas dirigidas, formação acadêmica de origem e experiências.

Deve, certamente, haver outras opções de organização de agências de petróleo, aqui neste texto não contempladas.
Qualquer das organizações pode funcionar bem. Há os que defendem que todas elas deveriam ser aplicadas em sequência, a cada cinco ou sete anos, visando a retirada de vícios, parapoderes, administrações paralelas ou preferenciais. A cada período, uma das três organizações apresentadas seria implantada, alternativamente, gerando oxigenação e revitalização da estrutura. Uma tese.

Além da organização, é necessário que existam princípios de gestão concomitantes. Poderia ser compulsória a movimentação dos gestores a cada dois ou três anos, migrando para uma área paralela. A competência necessita ser distribuída nas diversas atividades internas, criando desafios e metas interessantes para a experiência e o crescimento de cada profissional.

Para se iniciar os trabalhos de discussão de reorganização, devem ser explicitados pelo menos três princípios que desfazem o debate naturalmente protetor do ser humano participante:
Primeiro, que “ninguém ficará onde está”, o que retira a defesa do status existente.
Segundo, que “ninguém deverá perder status, por princípio”, podendo haver raras exceções, o que propõe tranquilidade nas discussões.

Terceiro, que “dia 1o do mês tal, ano tal, entrará em vigor a nova organização, independentemente dos resultados dos estudos obtidos”, com o óbvio tempo suficiente acordado previamente, fazendo com que não sejam postergadas discussões e decisões.

Armando Cavanha F. cavanha@live.com

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