Opinião

Pensando em pré-sal? Procure carbonatos

Artigo de Pedro Lezama, gerente para a América Latina da Packers Plus

Por Redação

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Nos últimos anos, o termo “pré-sal” – ou pre-salt, em inglês – já passou pela mente de praticamente todos os profissionais da indústria de petróleo e gás na América Latina. O termo ganhou popularidade em 2006, quando a Petrobras e parceiros anunciaram uma importante descoberta de petróleo perto da costa do Rio de Janeiro. No então prospecto de Tupi, na Bacia de Santos, perfurado a uma profundidade de cerca de 5 mil metros, foram encontrados indícios de petróleo abaixo da camada de sal. Esse sucesso provocou a perfuração de mais sete poços, e em todos foram encontrados depósitos de petróleo. O investimento valeu a pena e gerou o que agora é comumente conhecido como “pré-sal”.

E por que o pré-sal é tão importante? Apenas em Tupi, hoje o campo de Lula, foram inicialmente estimadas reservas entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo recuperáveis. As estimativas atuais indicam que o pré-sal colocou o Brasil entre os 20 principais detentores de reservas do mundo e o transformou no segundo colocado da América Latina, com quase 14 bilhões de barris de óleo em reservas comprovadas. Ou seja, o valor e a importância do pré-sal brasileiro são evidentes. A pergunta que se faz é: quais são os desafios?

A Petrobras é a operadora mais experiente no pré-sal e investiu de modo considerável no desenvolvimento dessa matéria. A própria empresa reconhece que o pré-sal apresenta diversos desafios, de geologia, perfuração, completação e investimentos. Além dos desafios geográficos e de investimento da perfuração offshore, há o fato de que a formação do pré-sal é um carbonato heterogêneo, com baixa permeabilidade e porosidade. Carbonatos normalmente são rochas porosas, friáveis, que contêm depósitos de petróleo e gás desde que migrem da rocha de origem. Assim, o desafio de completação/produção é: como tirar?

Por ser um carbonato heterogêneo, o pré-sal exige um tipo de tratamento da formação para alcançar uma produção bem-sucedida. Acidificar, fraturar e combinar esses dois métodos já foram testados, com resultados bem-sucedidos. Entretanto, devido à complexidade do reservatório, nenhum tratamento específico comprovou ser a melhor solução. Então, há outra pergunta: “se não sabemos qual é a melhor maneira de estimular o poço, como é possível planejar a completação?”

Os equipamentos para completação de poços oferecem o caminho pelo qual a produção é levada à superfície. Em geral o projeto de completação é planejado com meses de antecedência, pois as ferramentas do poço e os estudos de produção são feitos especificamente para um poço. Na maioria dos casos, a técnica de estimulação pode ser definida muito antes. Portanto, a solução de completação que as operadoras devem adotar precisará ser versátil para permitir as operações de fraturamento e/ou acidificação.

Recentemente a inovação brasileira tornou isso realidade mais uma vez. Uma operadora criou e implementou uma completação inovadora para carbonatos na Bacia de Campos. O sistema combina uma série de elementos de empacotamento de alto desempenho e telas de poço de alta qualidade que permitem que zonas individuais sejam isoladas e tratadas, além de reduzir a produção de sólidos. Esse sistema foi projetado para ser a base da melhor tecnologia de completação para o pré-sal brasileiro. Sua versatilidade e seu desenho modular oferecem a flexibilidade de acidificar e/ou fraturar hidraulicamente o poço, com o benefício adicional de ser em poço aberto, o que incrementa o escoamento da produção de toda a seção de interesse do poço. 

Portanto, perfurar através do sal com certeza é um desafio, mas o verdadeiro desafio está em produzir o hidrocarboneto abaixo dele, e a tecnologia para fazer isso com êxito já está sendo aplicada em um dos poços brasileiros mais produtivos da atualidade.

 

Pedro Lezama é gerente para a América Latina da Packers Plus
E-mail: Pedro.Lezama@packersplus.com

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