Opinião
A Petrobras ainda paga a conta
Fica a pergunta: até quando a Petrobras aguenta?
Graça Foster bem que tentou apresentar um Plano de Negócios mais realista, vitaminado em parte por um aumento nos preços da gasolina e do diesel, represados desde novembro de 2011. Mas a grande maioria dos analistas financeiros foi implacável na avaliação do PN 2012-2016, combinado com a timidez do aumento; o primeiro continuaria ambicioso demais e o segundo ainda insuficiente para a recomposição das margens perdidas.
A verdade é que o plano da Petrobras foi apresentado em duas versões – a de Dilma e a de Lula. Algo sem explicação. A versão da atual presidente corresponde aos US$ 208,7 bilhões reservados para projetos já em implantação. Entretanto, num momento em que aumentam as desconfianças sobre a economia brasileira, Dilma cedeu parte do plano – US$ 27,8 bilhões – ao populismo de Lula, de modo a não parecer que os investimentos da petroleira diminuíram em relação aos US$ 224,7 bilhões da versão 2011-2015. A estratégia pode ter convencido o povão, mas não os investidores, pois as ações da petroleira caíram quase 9% no dia do detalhamento do plano.
Ninguém desconhece o fato de que a Petrobras é peça importante no estabelecimento de políticas públicas do governo. No entanto, a percepção que se tem ultimamente é de que o enrijecimento da política de inação do governo sobre o ambiente de mercado e sua ingerência sobre o dia a dia na estatal estão sufocando a indústria brasileira de petróleo. O controle sobre o reajuste dos combustíveis e as exigências de conteúdo local sem uma política industrial adequada são exemplos disso. Tiram do caixa da petroleira o que poderia ganhar facilmente promovendo leilões de áreas exploratórias e movimentando o mercado brasileiro de óleo e gás.
Fica a pergunta: até quando a Petrobras aguenta?
A coluna de Wagner Freire é publicada a cada dois meses
E-mail: freire.wagner@hotmail.com