Opinião
Principais razões para a Petrobras ser operadora e ter grande participação no pré-sal
Com a descoberta do pré-sal, as reservas da Petrobras devem atingir cerca de 50 bilhões de barris em áreas já contratadas
A Petrobras assumiu o risco exploratório e a partir do desenvolvimento tecnológico e do conhecimento acumulado sobre as bacias sedimentares brasileiras descobriu as jazidas gigantes do pré-sal. O primeiro poço perfurado pela empresa foi na área de Parati. A partir disso, a companhia teve grande sucesso e descobriu as maiores reservas petrolíferas mundiais das últimas três décadas. Os destaques são os campos de Lula e Búzios, e a área de Libra, com volumes recuperáveis estimados em 10 bilhões de barris cada um.
As atuais reservas nacionais são da ordem de 16 bilhões de barris. Com a descoberta do pré-sal, as reservas da Petrobras devem atingir cerca de 50 bilhões de barris em áreas já contratadas, admitindo-se um fator de recuperação da ordem de 25%. Esse fator deve ultrapassar 50%. Dessa forma, as reservas em áreas já contratadas seriam de cerca de 100 bilhões de barris.
O custo perfuração do poço Parati, na Bacia de Santos, foi de cerca de US$ 240 milhões. Atualmente, com os avanços tecnológicos desenvolvidos pela Petrobras, os custos de perfuração já caíram para US$ 70 milhões por poço. Essa redução de custo está relacionada ao fato de a Petrobras já ter perfurado 136 poços no polo pré-sal da Bacia de Santos.
As principais razões para a Petrobras ser operadora e ter grande participação no pré-sal são:
1. baixos custos e maior participação governamental;
2. garantia da política de conteúdo local;
3. maior segurança operacional;
4. promoção do desenvolvimento tecnológico nacional;
5. capacidade financeira e econômica;
6. evitar a extração predatória;
7. empresas estatais são as grandes detentoras das reservas mundiais.
A Petrobras é a empresa com maior experiência na operação em águas profundas no mundo; tem baixíssimos custos de extração no pré-sal e dispõe de infraestrutura como gasodutos e unidades de tratamento de gás natural.
As empresas estrangeiras não conhecem as especificidades do pré-sal e têm um forte compromisso com a lucratividade em detrimento da segurança operacional. Experientes operadoras provocaram grandes acidentes na plataforma continental em ambientes muito menos hostis que o pré-sal.
O acidente de Macondo, operado pela BP, foi o maior desastre ambiental dos Estados Unidos; no campo de Frade na Bacia de Campos, operado pela Chevron, o acidente poderia ter sido tão catastrófico quanto Macondo.
A experiência operacional é essencial para garantir o domínio e o contínuo desenvolvimento tecnológico. O nível tecnológico atingido pela Petrobras é fruto do desenvolvimento científico e sua aplicação, sendo a operação etapa essencial para o aprendizado e o avanço tecnológico. Ceder a condição de operadora retira vantagem estratégica, expõe o conhecimento a potenciais competidores e reduz as oportunidades de aprendizado.
A atual diretora de E&P da Petrobras, Solange Guedes, em palestra na Offshore Technology Conference em Houston em maio de 2015, afirmou que, mesmo sem todos os poços previstos para os sistemas de produção atuais estarem conectados, os custos estão caindo. Segundo ela, o custo de extração no pré-sal é de US$ 9,1/barril, abaixo da média da empresa, de US$ 14,6/barril, e da média das empresas do setor, de US$ 15/barril. O custo de extração da Petrobras é aproximadamente 39% menor que o custo médio das outras empresas.
Sem a logística e o conhecimento tecnológico da Petrobras, o custo de produção subiria de cerca de R$ 40/barril para, no mínimo, R$ 60/barril. Esse maior custo reduz o excedente em óleo da União, os recursos do Fundo Social e as receitas para as áreas de educação e saúde.
A Petrobras, como operadora única, conduz os empreendimentos, o que proporciona a seleção e o desenvolvimento de fornecedores de bens e serviços no Brasil. Isso permite a implementação de uma política industrial que maximize o conteúdo local em bases competitivas e garante o crescimento do país.
Também é importante ressaltar que cerca de 46% do capital social da Petrobras são da União e de entes públicos federais. Assim, 46% das receitas líquidas dos campos onde ela tem participação são, proporcionalmente, do estado brasileiro. Dessa forma, quanto maior a participação societária da Petrobras, maior a receita estatal.
A operação única com máxima participação societária da Petrobras permite que maior parcela da riqueza natural do petróleo do pré-sal seja convertida em resultados econômicos para a população brasileira, com destaque para as áreas sociais, como educação e saúde.
Em Libra, o consórcio conta com uma participação societária de 40% da Petrobras. Se a Petrobras não tivesse participado desse consórcio, o estado brasileiro arrecadaria R$ 246 bilhões a menos e as áreas de educação e saúde perderiam R$ 50 bilhões. O Fundo Social teria perdido R$ 100 bilhões.
Se a Petrobras fosse contratada diretamente, tendo 100% de participação em Libra, o estado brasileiro arrecadaria R$ 175 bilhões a mais.
Foram os investimentos da Petrobras na área de E&P que levaram à descoberta das grandes reservas do pré-Sal. São esses investimentos que provocaram o aumento da alavancagem e da dívida líquida da empresa. Não faz sentido que essas reservas, que não podem ser lançadas no ativo da empresa, deixem de ser exploradas e desenvolvidas por “prejudicar índices contábeis”.
Importa destacar que a Petrobras foi e continua sendo a empresa mais lucrativa do Brasil. De 2006 a 2013, os lucros médios da Vale e da Petrobras foram, respectivamente, de R$ 17,9 bilhões e R$ 27,8 bilhões. Observa-se, então, que o lucro médio da Petrobras foi muito maior que o da Vale.
Com relação à dívida líquida da Petrobras, que chegou a R$ 261,45 bilhões no 3º trimestre de 2014, é fundamental ressaltar que esse valor é menor que o faturamento da empresa em apenas um ano. Em 2014, o faturamento da Petrobras foi de R$ 337 bilhões.
O EBITDA ajustado do primeiro trimestre foi de R$ 21,5 bilhões, um aumento de 50% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior. O resultado reflete os aumentos nos preços de diesel e gasolina em novembro de 2014, assim como o maior lucro operacional.
A prova de que a situação financeira da Petrobras é sólida foi comprovada pelo lançamento de notas globais em junho de 2015. A empresa capitou US$ 2,5 bilhões, sendo que a demanda foi de US$ 13 bilhões.
Funcionário da Petrobras por 17 anos, Paulo Cesar Ribeiro Lima é consultor legislativo da Câmara dos Deputados desde 2002.