Opinião

Reinventando a roda na cadeia de suprimentos de O&G

A indústria brasileira de óleo e gás evoluiu muito nos últimos anos e hoje está em pé de igualdade com países referência no quesito qualidade no desenvolvimento de tecnologia e produtos. No entanto, os serviços de uma forma geral deixam muito a desejar. Prazos não são respeitados, custos excedem o previsto e falhas devido à problemas de gestão operacional são recorrentes

Por Jean Carlos Calvi

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A cadeia nacional de suprimentos é um reflexo de seu principal player em todos os aspectos, até mesmo nas estruturas internas e suas interfaces, forma e velocidade. Os fornecedores se habituaram a se manter distantes dos operadores por conta de códigos de conduta e, portanto, não possuem a agilidade, o dinamismo e a informalidade necessários. Além disso, os sistemas de licitações são complexos, com prazos muito longos, pouca agilidade para alterar projetos em andamento, contratos muito amarrados, cláusulas leoninas, e uma legislação de empresa estatal que engessa o processo e impede o aumento da eficiência. O resultado são poucos fornecedores com grandes contratos, altamente corporativistas, que trabalham com margens muito altas e não estão dispostos a mudar este cenário.

O crescimento de empresas como PetroRio, ou PRIO, faz com que a cadeia de fornecedores precise se ajustar para atender demandas com mais agilidade, com envolvimento técnico mais amplo, alterações de prazos de entrega e especialmente maior competitividade de custos. A PRIO acredita que para a indústria brasileira de O&G ganhar agilidade, é fundamental que fornecedores sejam vistos como parceiros. Isso fica claro no diferencial dos prestadores de serviços habituados a trabalhar com empresas independentes no Golfo do México ou no Mar do Norte. Lá existe um ambiente mais dinâmico e favorável aos negócios.

O Brasil está engatinhando no processo de exploração de campos maduros, que obrigatoriamente demanda tecnologias ainda não implementadas, aumento de eficiência e redução de custos. Com a entrada das operadoras independentes e, especialmente, com as operadoras de campos maduros e o projeto de desinvestimento da Petrobras, existe a real possibilidade dessas empresas assumirem mais relevância e importância como clientes da rede de suprimentos. Isso está iniciando um processo de mudança de mentalidade que resultará em mais competividade, mais agilidade e a ampliação do leque de ofertas de opções menos ortodoxas e mais inovadoras.

A solução passa pela união das empresas independentes, para compartilharmos recursos e termos mais força. Se a PRIO contrata uma embarcação para atendê-la e existe uma ociosidade na sua logística, nós não conseguimos compartilhá-lo com nossos vizinhos. Existe restrições de contrato, de seguros e de legislação ambiental. Isso vale para toda a cadeia de suprimentos. No Golfo do México por exemplo, as mesmas empresas que nos atendem aqui no Brasil, trabalham de forma diferente. É um mercado mais evoluído, com mais competitividade e que não pode ter uma estrutura pesada de custos. Acreditamos que será nosso futuro, mas as mudanças ainda são muito tímidas.

Antes de reinventar a roda nós podemos copiar a roda que já está rodando bem no nosso vizinho. Temos hoje mercados de O&G offshore mais maduros que o nosso e sem dúvidas faz sentido entender como eles funcionam para aplicar aqui o que eles têm de melhor.

Jean Carlos Calvi é gerente de Engenharia de Poços & Subsea da PRIO

André Drummond Sequeiros é gerente de Planejamento e Supply Chain da PRIO

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