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Gestão integrada de ativos ganha espaço nas concessionárias

A captura de grandes massas de dados e sua disponibilização com recursos de IA em centros de monitoramento de ativos têm se tornado essenciais para a alta gestão alcançar melhores resultados, além do mínimo exigido pela regulação

Por Nelson Valencio

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Compensadores síncronos instalados nas subestações Marmeleiro 2 e Livramento 3, no RS: com uso de IA, a meta da Neoenergia é antecipar defeitos em equipamentos críticos como esse (Foto: Divulgação/Neoenergia)

Antes visto como uma demanda restrita à área de manutenção, o gerenciamento de ativos está se tornando ferramenta estratégica para a alta gestão nas concessionárias. A tendência foi apontada por três executivos ouvidos pela Brasil Energia. Na Eletrobras, as políticas de gestão de ativos são definidas em comitês envolvendo as várias vice-presidências do grupo. Na Energisa, a alta direção escrutina o operacional para fazer a alocação ótima dos investimentos. E a Neoenergia inaugurou seu centro de monitoramento de ativos em março desse ano, acompanhando um movimento geral.

Antônio Varejão de Godoy, VP de Operações e Segurança da Eletrobras, disse que o board da companhia resolveu fazer um investimento maciço em sua infraestrutura após a privatização e para isso acompanha o desempenho de 92 mil ativos, em mais de 3 mil situações diferentes, incluindo os desdobramentos regulatórios.

Inteligência Artificial (IA) tem sido aplicada para analisar o grande volume de dados gerados pelos sensores de Internet das Coisas (IoT). A IA, tema recorrente entre os especialistas ouvidos, também é adotada para avaliar o histórico dos ativos. Dessa forma, a qualidade da informação permite que a companhia entenda em menor tempo os padrões de sua infraestrutura, a partir de um volume grande de dados.

Inspeção com drones em rede da Energisa: equipamentos estão sendo usados pelas empresas para monitoramento e inspeção de linhas (Foto: Divulgação/Energisa)

A visão estratégica e integrada permite que a alta gestão possa avaliar cada ativo isoladamente e direcionar melhor os investimentos de capital (capex) e de operação (opex). Assim como a Neoenergia, a empresa possui um centro de monitoramento de ativos, onde integra a grande massa de informações.

A visão de gestão de ativos como estratégica pode ser exemplificada também na decisão de organizar a “frota” de mais de 200 drones, que são usados, entre outras coisas, para o monitoramento das linhas de transmissão, coletando imagens para análise de seus especialistas, com suporte de IA.

Entre os resultados desse trabalho, Varejão destaca que nenhuma invasão ao longo das linhas foi registrada em 2024, em função do trabalho preventivo de identificar ocupações ilegais a partir da combinação de fotos de satélite e de drones.

O foco em resultados também faz parte da cultura da Energisa. Para Fábio Pestana, gerente de Engenharia e Planejamento da concessionária, “as concessões de energia são gestores de ativos em sua essência. Não é um mundo simples e a operação tem que trazer ganhos para a companhia”.

As áreas operacionais continuam falando em “tecniquês” entre si. Mas para falar e convencer a alta gestão sobre suas demandas, o time operacional precisa usar linguagem de negócios, com relatórios sucintos que mostrem o retorno de cada real investido.

Ele destaca que a gestão eficiente vai além do que exige a regulação. “E se houver um sensoriamento adequado – e não estamos falando de alta tecnologia - teremos diagnósticos e agregamos eficiência”.

Um exemplo é a priorização das intervenções em campo e, mais do que isso, a definição se é necessário o desligamento da rede em caso de manutenção. Nesse sentido, ele revela que a IA já vem sendo testada e seu uso deve evoluir ainda mais na companhia.

O desafio, no caso da Energisa, é integrar as informações. A centralização é vista como ganho, considerando as dez concessões ativas e mais três em implantação.

Centro de Monitoramento da Neoenergia, em Campinas (SP): integração de sensores, dados de IoT e IA para antecipar defeitos e trabalhar a manutenção com base em condições e risco (Foto: Divulgação/Neoenergia)

Na Neoenergia, que inaugurou seu centro de monitoramento de ativos em março, o gerente de Engenharia da Transmissão, Gerson Cordeiro Júnior, enxerga que, “com o emprego de novas tecnologias como a integração de sensores, conseguimos sair da manutenção baseada em temporalidade para uma baseada em condições e risco”. Os resultados são a antecipação de falhas e o custo menor de operação no longo prazo.

O novo centro funciona como uma célula de inteligência, que está agregando os dados de IoT aos poucos. Com uso da IA, a meta é antecipar defeitos, começando com os equipamentos críticos, avaliados em milhões de reais, caso dos compensadores síncronos.

Apesar dos ganhos com as novas tecnologias, tanto Cordeiro como Pestana lembram que é preciso considerar a segurança cibernética no processo. “Não adianta inovar, se potencialmente for aberta uma frente de ataque”, reconhece o gerente da Neoenergia.

Fora o risco de invasões em sistemas digitais, o que mobiliza a alta gestão são as perspectivas de melhores resultados. A concessionária, por exemplo, reduziu seus ciclos totais de inspeção de cinco para três anos, inclusive com uso de drones. Com isso, a Neonergia consegue ter relatórios detalhados e semanais de eficiência de sua rede de transmissão, cuja extensão supera os 6 mil km de linhas.

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