Opinião

Dúvidas sobre construções sustentáveis

Por Redação

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O setor imobiliário no Brasil tem apresentado crescimento bastante significativo nos últimos anos, qualquer que seja o seu segmento – residencial ou comercial –, atendendo diversas classes sociais. Variados fatores colaboram para que esse movimento seja consistente e venha se mantendo ao longo dos últimos cinco anos: redução da taxa de juros, facilidade dos procedimentos para obtenção de empréstimos, valorização dos imóveis, etc. Até mesmo a crise do último trimestre de 2008 fez com que vários investidores se voltassem ao mercado imobiliário, em detrimento do mercado de ações.

Esse maior movimento financeiro e de número de operações, aliado ao constante discurso de proteção ao meio ambiente e da necessidade de práticas sustentáveis, seja no momento da incorporação, seja depois, quando o empreendimento já estiver pronto para a sua utilização, tem levado diversas construtoras e administradoras de imóveis a buscar soluções e técnicas que, ao mesmo tempo, reduzam os custos de construção e de administração do imóvel.

Muitas vezes, quando o “sustentável” é lembrado, encontramos a realidade de refazer determinados projetos devido a necessidades adicionais de investimentos, áreas dedicadas, arquitetura e decoração. Por isso não podemos nos enganar sobre a necessidade de haver comprovação de redução de custos que compense os investimentos e trabalhos adicionais, qualquer que seja o projeto verde ou sustentável objeto de análise, tanto em empreendimentos a construir como nos já entregues.

Um exemplo de incorporação sustentável bem-sucedida em vários aspectos, desde a fase de projeto até sua entrega ao investidor, é o Castelo Branco Office Park, em Barueri, na Grande São Paulo. Nesse projeto de seis torres comerciais foram implantados uma estação de reúso de água da chuva e de esgoto com aproveitamento superior a 90% e poços artesianos para uso eficiente e sem desperdício, além de projetos de eficiência energética. As ações sustentáveis aplicadas no suprimento de água devem gerar significativa redução do custo do condomínio. Além disso, a incorporação reduziu os investimentos em quase R$ 1 milhão.

Em relação às administradoras de imóveis, entretanto, ainda vemos alguma resistência a determinadas ações, seja por desconhecimento dos procedimentos, como no caso do mercado livre de energia de fontes renováveis e incentivadas, seja porque os empreendimentos acabados, necessitam em geral de investimentos significativos para implantar e/ou adequar ações sustentáveis. Muitas vezes a aprovação do projeto sustentável está nas mãos de síndicos que se preocupam com o incremento de custos, a alteração da rotina do condomínio e as áreas já dedicadas a outras atividades.

Aqueles que conseguem lidar com essas dificuldades, porém, seja por ações próprias ou através da utilização de empresas especializadas, e executam os investimentos em nome do empreendimento, estão festejando a redução de seus custos internos, a alta ocupação de seus espaços e, sobretudo, o reconhecimento do mercado pela preocupação com o meio ambiente. Curiosamente, esse último fator tem feito o valor do metro quadrado do espaço de alguns empreendimentos subir, reduzindo o tempo de amortização dos investimentos iniciais. 

Otavio Santoro é diretor da Indeco e membro do Green Building Council

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