Opinião

Transformação digital como ferramenta para acelerar agendas ESG e cumprir o decreto 11.075

Através das tecnologias digitais, da otimização dos processos e da adaptação da cultura organizacional, a transformação digital acelera as agendas ESG e oferece ferramentas para que as empresas cumpram com o decreto 11.075 de 19 de maio de 2022, que estabelece os procedimentos para a elaboração dos planos setoriais de mitigação das mudanças climáticas

Por Victor Venâncio

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Transformação digital e ESG (Ambiental, Social e Governança) são prioridades absolutas nas agendas dos executivos de empresas dos mais diversos segmentos de mercado, principalmente organizações que possuem operações industriais extrativistas ou de processos de transformação que, por natureza, geram emissões de gases do efeito estufa e outros poluentes no meio ambiente.

Recentemente, o governo do Brasil publicou o decreto 11.075, que estabelece os procedimentos para a elaboração dos planos setoriais de mitigação das mudanças climáticas, instituindo o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa – SINARE.

A maioria das empresas já possui suas respectivas estratégias de ESG, com seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e matriz de materialidade bem estabelecidos, com diversas ações para ir de encontro aos resultados esperados pelos acionistas, órgãos reguladores, investidores e sociedade como um todo.

Entretanto, com os negócios sendo cada vez mais impactados pelas externalidades que a empresa gera ao meio ambiente e sociedade, monitorar, medir e controlar as variáveis físicas e químicas dos processos produtivos não é mais suficiente para garantir os resultados esperados atualmente.

E é justamente neste momento que a transformação digital, através das tecnologias convencionais, emergentes da indústria 4.0 ou disruptivas, da otimização dos processos e da adaptação da cultura organizacional, entra neste contexto, acelerando consideravelmente as agendas de ESG e oferecendo ferramentas para que as empresas cumpram com o decreto 11.075 de 19 de maio de 2022.

O SINARE tem a finalidade de servir de central única para registro de emissões, reduções e compensações de gases de efeito estufa e de atos de comércio, de transferências, de transações e de aposentadoria de créditos certificados de redução de emissões. Para isso, o monitoramento, a quantificação, a contabilização e a divulgação acurada e verificada das emissões de gases de efeito estufa precisam ser executadas e disponibilizadas de forma padronizada perante aos órgãos competentes.

Soluções tecnológicas aplicadas nas jornadas de transformação digital conseguem, além de medir, registrar e reportar estas emissões, principalmente predizer condições operacionais dos processos industriais, interagindo automaticamente com válvulas, bombas e diversos equipamentos e sistemas de controle, intervindo antecipadamente para que as emissões de gases do efeito estufa não ocorram, sem paradas na produção e aumentando a eficiência energética.

Algoritmos de inteligência artificial, sensores virtuais, aprendizado de máquinas, IioT (Industrial Internet of Things), convergência de dados OT-IT e os softwares de gêmeos digitais são alguns exemplos de soluções que estão sendo aplicadas por algumas empresas. Com estes novos requerimentos do decreto, estas serão ainda mais fundamentais.

Clientes estão dispostos a pagar mais caro por produtos e serviços de empresas que atendam às agendas de ESG, conforme pesquisa da McKinsey divulgada no ESG Summit de 2021. Empresas executando estratégias claras de ESG possuem maior valor de suas ações na bolsa de valores, conforme demonstrado pela análise do MSCI (Morgan Stanley Capital International Index). Estas mesmas empresas possuem acesso a fundos de investimento com taxas mais atrativas. Ou seja, acelerar as agendas de ESG através da execução da estratégia de transformação digital impacta diretamente nos resultados financeiros da organização.

Os respectivos líderes de transformação digital e de ESG das organizações devem atuar de forma colaborativa e integrada para que os resultados sejam alcançados mais rapidamente, seja visando o atendimento aos ODS, por questões regulatórias, ou mesmo pelo compromisso/propósito declarado das empresas com o crescimento sustentável e uma sociedade melhor.

E como está este assunto em sua empresa? Transformação Digital está de mãos dadas ao ESG ou cada um segue sua agenda de forma desconectada?

 

Victor Venâncio é head de Transformação Digital LatAm da IHM Stefanini Group, engenheiro de produção e mecatrônico, MBA e mestre em Administração Estratégica pela FGV-EBAPE, e Senior Executive Program pela ESADE Business School (Barcelona – Espanha). É membro da diretoria global do Comitê para Smart Manufacturing & IoT da ISA, diretor da Seção ISA Brasil, líder do Grupo de Trabalho para Convergência OT-IT do Conselho de Transformação Digital do IBP e coordenador do Open Innovation Brasil (capítulo Rio de Janeiro). Também é membro da Câmara Brasileira para Indústria 4.0 no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, e atua como professor dos cursos on-line de transformação digital da PUC-RJ, MIT, UC-Berkeley e Cambridge (by Emeritus).

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