Opinião

Geração própria eficiente

falhas e interrupções no fornecimento de energia pelas quais grandes centros urbanos têm passado nos últimos meses levantaram importantes questionamentos 

Por Redação

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As falhas e interrupções no fornecimento de energia pelas quais grandes centros urbanos têm passado nos últimos meses levantaram importantes questionamentos com relação à segurança energética do país e à eficiência do parque gerador brasileiro.

O Brasil está crescendo, e o setor elétrico desempenha papel central na consolidação desse movimento. Em um cenário de clara expansão de consumo de energia, como o que vivemos hoje, é de extrema importância que governo e demais agentes se unam para pensar em soluções que garantam as condições necessárias ao desenvolvimento da nação.

O incentivo à instalação de usinas de pequeno porte pelos grandes consumidores de energia pode ser um dos caminhos a serem seguidos. Muito mais do que estimular a geração na ponta de consumo, essa prática abre espaço para formas de produção de energia extremamente eficientes e de baixo custo, com estímulo ao desenvolvimento de plantas de cogeração de energia a partir do gás natural. Hoje, esse tipo de sistema já é usado com sucesso em diversos edifícios comerciais, shoppings e hospitais no Brasil e em várias partes do mundo.

Trata-se de uma das formas mais eficientes de uso do combustível. Isso porque, além da geração de energia elétrica, há o aproveitamento do calor residual gerado pelos motores. Esse calor pode ser aproveitado de maneira direta, para aquecer a água usada nos chuveiros de hotéis, na cozinha de restaurantes ou mesmo em qualquer necessidade de água quente. Também é possível que chillers de absorção transformem o calor dos escapamentos em frio e gerem o ar condicionado de edifícios inteiros.

Além da diversidade de usos, esse sistema se destaca pelo alto nível de eficiência energética. Na transformação em energia elétrica, há um aproveitamento da ordem de 40% da energia primária do gás natural. Além disso, o uso do calor residual do processo garante a utilização de mais cerca de 45% do potencial energético total do combustível usado. Desse modo, o aproveitamento do gás é muito mais significativo do que se ele for queimado numa termelétrica convencional.

Soma-se a essa situação a perspectiva de aumento da disponibilidade de gás natural no mercado brasileiro. O Plano Decenal de Energia (PDE) 2020 prevê que a produção nacional deve quase triplicar, aumentando de 58 milhões de m³/dia em 2011 para 142 milhões no final da década, com boa parte desse gás sendo produzida na Bacia de Santos. O mais recomendado, portanto, é que seja destinado a projetos na própria região Sudeste. Melhor ainda se forem projetos com alto nível de aproveitamento energético.

Por fim, vale ressaltar que, embora o gás natural seja um combustível fóssil, é o mais adequado para gerar energia elétrica nos grandes centros urbanos. Sua queima é completa e não gera resíduos particulados. Além disso, o metano não possui enxofre em sua composição, um dos maiores responsáveis pela chuva ácida – diferentemente do que acontece na geração a diesel.

Tudo isso mostra que os sistemas de cogeração a gás natural são uma das melhores formas de complementar o parque gerador nos pontos de consumo. Isso reduz as fragilidades da rede, aumenta a segurança do abastecimento, ao mesmo tempo que contribui para a evolução do mercado brasileiro de gás natural com cada vez mais qualidade e ainda mais eficiência.


Guilherme Mattos é gerente Comercial da Guascor Power

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