Opinião

Smartgrid: fato ou ficção?

Por Welson Régis Jacometti, diretor presidente da CAS Tecnologia

Por Redação

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Em sua definição, “smartgrid” designa o conceito da distribuição de energia elétrica sobre redes que usam tecnologias digitais para favorecer a economia de energia, a redução dos custos com perdas técnicas e não técnicas e o incremento geral da disponibilidade do fornecimento (restabelecimento melhor e mais rápido em caso de interrupções).

Independentemente da amplitude das definições que caracterizam o smartgrid, o início de sua implantação está ao alcance de quase todas as distribuidoras. Qualquer rede que utilize a capacidade de tecnologias digitais, na proporção correta da necessidade da região onde a rede está inserida, pode ser chamada de smartgrid, na exata proporção em que resolva os problemas específicos de cada região.

Antes de considerar o tema, porém, as concessionárias devem entender quais são os problemas que afetam sua capacidade de máxima eficiência e retirar da grande cesta de opções do smartgrid apenas aquelas que se destinam a esses problemas. Um exemplo: a interrupção de fornecimento de energia nas comunidades, o que afeta diretamente a receita, implica questões regulatórias (DEC/FEC), induz na população uma imagem negativa sobre a companhia e traz custos consideráveis de operação – callcenters e sistemas de apoio.

Outra situação: a grande maioria das concessionárias já possui, implantada ou a caminho, a medição remota de grandes consumidores. Estes, em geral de média-tensão, estão ligados diretamente aos alimentadores das subestações, que em boa proporção também estão ligados aos consumidores de baixatensão através dos trafos de distribuição.

Assim, desde que as concessionárias tenham se utilizado de medição remota com a capacidade de sinalização de interrupção de fornecimento, uma primeira estratégia de smartgrid está exatamente ao alcance e ao mínimo custo: receber os alertas de falta de energia de grandes consumidores, confrontar esses eventos para tentar aumentar a percepção correta de uma falta de energia oriunda de falha no alimentador e informar aos sistemas de respaldo de que todos os consumidores de baixa tensão desse alimentador agora estão sem energia elétrica.

Várias concessionárias iniciaram a implantação da medição remota sobre os trafos de distribuição visando obter cálculo mais preciso do balanço da distribuição na baixa-tensão determinando as áreas de perdas. Neste caso (após o trafo) a medição remota com a capacidade de sinalização de interrupção de fornecimento torna-se imediata – a baixo custo e com máxima eficiência.

O mais relevante a se comentar nos casos citados, cuja abrangência técnica é bem pequena (quase um subproduto da medição remota voltada para outras finalidades), é que estas “expansões” realmente custam muito pouco, já que os projetos originais deveriam se pagar apenas com suas funções originais.

Qualquer rede com as duas funções mencionadas pode ser considerada “smart”, na proporção do problema que resolve e na redução de custos operacionais que implica. Várias outras estratégias, com o aproveitamento das tecnologias existentes, tornam o conceito de smartgrid possível hoje. E para se obter os benefícios dos conceitos associados, requer-se apenas que a resolução de problemas deixe de ser departamental e passem a ser analisada corporativamente.

Welson Régis Jacometti é diretor presidente da CAS Tecnologia

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