Primeiros modelos híbridos da Lecar terão 83% de nacionalização e autonomia de até mil km com 30 litros de etanol - conheça os detalhes

Revista Brasil Energia | Fenabio 2025

Lecar aposta em híbrido flex 100% brasileiro

Primeiros modelos terão 83% de nacionalização e autonomia de até mil km com 30 litros de etanol

Por Marcelo Furtado

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O CEO da Lecar, Flávio Figueiredo Assis (Foto: Marcelo Furtado)

A empresa nacional Lecar se prepara para iniciar, em agosto do próximo ano, a produção dos primeiros carros híbridos flex desenvolvidos no Brasil, com índice de nacionalização de 83%. O projeto foi concebido por empresas brasileiras e prioriza fornecedores nacionais, como a Suspensys, Fras-Le e Nakata, todas do Grupo Randon, responsáveis pela suspensão, sistema de freios e amortecedores, além da WEG, que forneceu o gerador elétrico.

A fábrica, localizada em Soretama (ES), está em construção há dois anos e será inaugurada já produzindo. O modelo de negócio não prevê estoque: cada unidade será fabricada conforme os pedidos. Atualmente, a lista de espera para o cupê LK459, um dos três modelos iniciais, já ultrapassa 5 mil interessados.

A linha de estreia inclui a picape LK Campo, o coupé LK459 e o SUV LK Tático. Todos utilizam a mesma plataforma híbrida flex, diferenciando-se apenas pela carroceria. Os preços variam de R$ 159,3 mil para a picape e o cupê, enquanto o valor do SUV ainda não foi divulgado.

A tecnologia empregada difere dos híbridos convencionais, como os da Toyota. O sistema da Lecar utiliza um motor a combustão flex — desenvolvido pela Rossi, joint venture entre a Renault e a chinesa Geely — apenas para acionar o gerador elétrico da WEG, que alimenta o motor de tração. Com 30 litros de etanol, o veículo pode percorrer até mil quilômetros,  disse o CEO da Lecar, Flávio Figueiredo Assis, à Brasil Energia, durante a Fenabio, onde foi apresentar a picape da linha (foto).

Segundo Assis, o modelo híbrido é um “elétrico sem tomada”, já que não depende de recarga externa. A configuração permite uso tanto de etanol quanto de gasolina, mas a proposta é valorizar o combustível renovável brasileiro, associando o carro à mobilidade verde.

Para ele, a escolha do etanol como base energética visa oferecer ao mercado internacional uma alternativa sustentável, com emissões competitivas em relação aos elétricos a bateria. Assis destaca que o mundo ainda desconhece a aplicação do etanol na mobilidade, presente apenas no Brasil.

Internamente, os veículos seguem padrão de tecnologia e automação inspirados na Tesla. A Lecar chegou a desmontar um modelo da marca americana para estudar sua arquitetura e adaptá-la à realidade brasileira.

A capacidade inicial da fábrica será de 500 veículos por mês, com expansão planejada até 10 mil unidades mensais, totalizando 120 mil por ano. Esse volume permitirá atender rapidamente a demanda inicial já registrada na pré-venda.

A estratégia de produção sob demanda busca reduzir custos logísticos e evitar a imobilização de capital em estoque, além de assegurar que cada carro saia de fábrica já vendido. O contato com o consumidor é feito diretamente pelo site e WhatsApp, onde é possível conhecer os modelos e aderir à lista de espera.

A parceria com empresas nacionais garante disponibilidade de assistência técnica e peças em todo o território brasileiro, um ponto que a Lecar considera essencial para competir com montadoras estrangeiras.

No evento do setor sucroenergético e de cana, em Sertãozinho, a esolha em mostrar a picape LK Campo, para Assis, tem a ver com a intenção de usá-la como símbolo da conexão da marca com o agronegócio, segmento estratégico para a difusão da tecnologia do etanol. "O objetivo é criar sinergia com produtores e usinas para levar, em conjunto, o carro e o combustível brasileiro ao mercado externo", disse Assis, empresário oriundo do setor de cartões de alimentação.

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