Porto do Açu busca revitalizar cana-de-açúcar em Campos

Revista Brasil Energia | Rio Pipeline 2025

Porto do Açu busca revitalizar cana-de-açúcar em Campos

BNDES tem trabalhado com outras instituições para promover recursos a projetos de SAF. Financiamento é gargalo, afirmam debatedores na Rio Pipeline & Logistics 2025

Por Sabrina Lorenzi

Compartilhe Facebook Instagram Twitter Linkedin Whatsapp

Porto do Açu (Foto: Divulgação)

De olho principalmente no Combustível Sustentável de Aviação (SAF), o Porto do Açu busca revitalizar a cultura de cana-de-açúcar no Norte do Rio de Janeiro, uma área que já foi uma das principais produtoras do insumo no País. O avanço da matéria-prima na região compõe o conjunto de estratégias para fazer do porto um hub de soluções para transição energética e energia limpa.

A região possui 300 mil hectares de área degradada para reflorestamento em um raio de 150 quilômetros do Açu, o que possibilita a produção de até 1 milhão de toneladas por ano (Mtons/ano) de biomassa de madeira para ser usada como insumo na indústria siderúrgica verde, por exemplo. O potencial agrícola também é direcionado para capim-elefante, outro insumo que a empresa quer aproveitar para a oferta de biocombustíveis.

“Resgatar áreas degradadas certifica para a Europa, porque não área nova, produtiva”, afirmou o diretor Executivo de Desenvolvimento de Negócios da Prumo Logística, Mauro Andrade, durante painel da Rio Pipeline & Logistics 2025, que terminou ontem no Rio de Janeiro. Países europeus têm se empenhado cada vez mais em garantir a sustentabilidade de produtos do agronegócio, para evitar comprar insumos de áreas com desmatamento.

A empresa chinesa Envision anunciou investimento de US$ 1 bilhão para projeto de produção de SAF em parceria com a Prumo, que controla o Porto do Açu, incluindo a construção do primeiro Parque Industrial Net-Zero da América Latina, com base em biomassa, como a cana-de-açúcar. 

Em operação desde 2014, o Porto do Açu é o maior complexo porto-indústria de águas profundas da América Latina. Ao todo, o complexo recebeu pelo menos R$ 22 bilhões em investimentos. Os aportes em projetos de transição energética incluem memorandos de entendimento e outros acordos já assinados para instalação de projetos eólicos offshore e plantas de hidrogênio renovável, soluções para a siderurgia de baixo carbono, produção de fertilizantes nitrogenados, geração solar fotovoltaica e de biogás.

Entre os acordos já anunciados pelo Grupo, estão parcerias para desenvolver plantas de hidrogênio verde com a SPIC Brasil, além de projetos de eólica offshore com EDF Renewables, TotalEnergies e Neoenergia.

Desafios de financiamento

Andrade e outros debatedores do painel destacaram também, além dos projetos de biocombustíveis em andamento, a dificuldade que é financiá-los. A superintendente de Transição Energética e Clima do BNDES, Carla Primavera, destacou o potencial de R$ 100 bilhões para investimentos em SAF que o Brasil pode receber. 

Maior financiador de longo prazo do Brasil, o BNDES tem trabalhado parcerias com organismos multilaterais, instituições de fomento de outros países, com captações específicas para o combustível limpo de aviação, que garantem também a oferta de moeda estrangeira, necessária para estes tipos projetos, já que boa parte desta produção pode ser destinada à exportação. 

O BNDES negocia com o Banco Mundial, por exemplo, uma linha de crédito para descarbonização, que inclui financiamento para projetos de SAF. O memorando de entendimento já foi assinado, para um montante de US$ 1 bilhão em financiamento de projetos.

“Esse capital relacional nos ajuda a trazer novos investidores para o brasil para compartilhar risco e funding conosco”, disse. O banco de fomento dispõe também de linha captada com o New Development Bank (NDB) o banco dos Brics. 

Primavera destacou ainda que o banco financiou duas térmicas a gás localizadas no Porto do Açu.  A segunda usina recebeu recentemente licença para operar, com capacidade de geração de 1.673 MW. A UTE GNA II recebeu investimentos de R$ 7 bilhões, a maior usina a gás natural do país, com capacidade para atender aproximadamente 8 milhões de residências – representando cerca de 10% da geração a gás natural da matriz elétrica nacional. 

Veja outras notícias sobre rio pipeline 2025

Últimas