Opinião

Inovação como peça-chave para a segurança energética da AL

Por Rafael Santana, presidente e CEO Global da GE Energy Gas Engines

Por Redação

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A demanda energética global, segundo previsões, deverá crescer pelo menos um terço até 2035. E ao se pensar em segurança e eficiência energética na América Latina, fala-se de uma relação muito estreita entre rápido crescimento econômico e capacidade de suprir a demanda de energia que esse crescimento exige.

Dessa forma, uma política energética imbuída de inovação é essencial para que novas opções surjam e o potencial de crescimento da região não seja barrado por gargalos de infraestrutura. Com atitudes inovadoras é possível melhorar as tecnologias existentes e desenvolver novidades para atender aos problemas mais complexos.

Há em curso uma corrida tecnológica global por energias mais limpas, inteligentes e eficientes, preocupação vital para o crescimento econômico de qualquer país em desenvolvimento, como os da América Latina. Esse pode ser também o maior motor de geração de empregos deste século, e empresas e governos que atentarem rapidamente para esta necessidade, produzindo soluções inovadoras para suprimento da demanda, irão colher os frutos dessa conquista.

A América Latina vem registrando uma forte ampliação da demanda por energia, tanto da indústria quanto dos usuários domésticos. O Brasil, por exemplo, já é o 10º maior consumidor de energia do mundo e o primeiro da América Latina, com previsões de crescimento de demanda entre 4,5% e 5,5% ao ano – valores muito próximos ao do crescimento de seu PIB. Por outro lado, sua meta de redução da intensidade energética chega a 25% até 2030. É um grande desafio diante de perspectivas tão positivas que necessitam de inovação como pilar de sustentação para que efetivamente se tornem realidade.

A solução para essa equação – de um lado, a crescente demanda por energia, e do outro, fontes limitadas de geração e transmissão – pode estar na diversificação da matriz energética dos países latino-americanos. Hoje grande parte deles se apoia em fontes não renováveis, como o petróleo, ou que exigem o alagamento de grandes áreas, como as hidrelétricas.

Muito já se avançou nessa diversificação, e atualmente é possível obter energia a partir do vento, do calor, de fontes vegetais – caso do etanol – e até mesmo do lixo ou de matéria orgânica em decomposição. Todos esses processos vêm ganhando mais espaço como potenciais soluções de eficiência energética e deixando de ser “fontes alternativas”, para juntos contribuírem com parcelas importantes de energia limpa ou renovável para o consumo.

Com diversas fontes e tipos de energia, pode-se também limitar o impacto potencial que sempre existe por conta da utilização de apenas um tipo de recurso. Dessa forma, a segurança é fortalecida evitando-se uma dependência demasiada de uma só fonte ou região geradora de energia.

É certo que a adoção de tecnologias mais limpas vai ao encontro da crescente demanda mundial por energia. Isso inclui a maior utilização de fontes renováveis, mas não se pode esquecer que um portfólio completo de soluções energéticas é necessário, contemplando também o uso mais eficiente de combustíveis fósseis. Neste sentido, as expectativas também são enormes para a região latino-americana, tendo em vista as recentes descobertas de jazidas com grandioso potencial de exploração na costa do Atlântico.

Outro ponto importante é a emissão de CO2, que por questões climáticas e ambientais está no topo das discussões internacionais e na agenda de estabelecimento de marcos regulatórios. Nesse caso, a inovação deve ser percebida como parceira para maximizar o uso do óleo da camada pré-sal como fonte de energia e minimizar, na outra ponta, os impactos ao meio ambiente.

A fim de que a América Latina consiga contornar todas essas questões, é necessário investimento pesado em pesquisa e desenvolvimento de soluções que possam resultar em ganhos cada vez maiores no tocante à quantidade de energia gerada, ao rendimento possibilitado por ela e ao impacto ambiental. Já existe no mercado um número considerável de mecanismos voltados para este fim, mas os esforços por uma evolução ainda maior, tanto da parte dos governos como da iniciativa privada, tornam-se cada vez mais imperativos para que o caminho em prol da segurança energética e de uma matriz latino-americana cada vez mais diversificada seja trilhado.

Rafael Santana é presidente e CEO Global da GE Energy Gas Engines

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