Opinião

Desenvolvimento tecnológico e redução da pegada de carbono em OG

Não há outra forma, enquanto ainda formos tão dependentes do petróleo e ainda seremos por um bom tempo. Precisamos de novas tecnologias para descarbonização do setor.

Por Marcelo Souza de Castro

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O desenvolvimento humano traz consigo um consequente aumento da demanda de energia e seu uso primordial na forma de eletricidade para, praticamente, todas as atividades. Entretanto, a eletricidade em si é apenas um vetor de transporte de energia, gerada a partir de fontes primárias como carvão, óleo, gás, nuclear, hidroelétrica, solar, eólica e outras, até o seu uso final. Por exemplo, na forma de movimento em motores que tracionam carros elétricos.

Nesse ponto, a demanda mundial por energia primária, em todos os cenários, é de aumento, em conjunto com o aumento da população. Para tal, a geração primária precisa acompanhar o crescimento. Um ponto importante é que a demanda por petróleo, pelo menos por mais algumas décadas, ainda será grande.

Apesar da busca incessante por novas fontes de energia, desenvolvemos toda uma indústria baseada em fontes fósseis e a sua substituição é cara e complexa e, em muitos casos, inviável economicamente ou tecnicamente com a tecnologia atual.

A busca por novas tecnologias continuará, o que é importante e é recorrente na história humana, mas ao mesmo tempo precisamos também desenvolver tecnologias para melhorar a produção de fontes de energia atuais.

A grande demanda atual é pela produção de petróleo e gás com menor pegada de carbono, com maior eficiência energética e mais segura em todos os sentidos. Se olharmos historicamente, anos atrás era permitido a liberação de diversos gases na atmosfera quando da produção. Hoje isso não é permitido e as empresas estão tendo que se adaptar e buscar novas tecnologias.

Pouco tempo atrás, observamos o imbróglio gigantesco do descomissionamento do porta-aviões brasileiro, que por fim foi afundado, visto que ninguém o quis dado, entre outros motivos, pelo passivo ambiental.

No setor de óleo e gás as plataformas atuais são construídas pensando, até mesmo, no processo final, de parada de produção, criando um novo cenário de necessidade de novos atores econômicos que possam atuar nessa economia circular, tema este objeto de pesquisa em universidades e centros de pesquisa.

Voltando ao tema de redução da pegada de carbono, a infraestrutura atual procura reduzir a emissão de metano e CO2 produzidos, usando técnicas de Captura e Estocagem de Carbono (CCS na sigla em inglês). Isto impacta diretamente em novas análises de reservatórios e estudos do impacto do CO2 no mesmo, com vistas à redução da formação de deposição inorgânica, por exemplo, e melhorias em processos de imageamento e sísmica. No final, busca-se garantir que o CO2 injetado esteja estocado e seja possível o monitoramento de eventuais vazamentos.

Ainda, a eletrificação dos processos usando energia elétrica gerada por fontes de baixo carbono é outra tecnologia utilizada. A digitalização e utilização de inteligência artificial, aliadas a modelos matemáticos robustos para previsões de processos otimizados, também tem grande eficácia na redução da pegada de carbono, pois podem reduzir significativamente a demanda energética.

A produção de energia eólica offshore para uso local, por exemplo, em sistema de injeção atua tanto na redução do uso de energia, quanto na utilização de espaço nas plataformas.

Outras tecnologias em desenvolvimento buscam equipamentos subsea que possam substituir os atuais utilizados em plataformas, reduzindo ao mesmo tempo o tamanho das plataformas e a presença humana.

Num futuro próximo há a expectativa de até mesmo o processamento primário ser feito no fundo do oceano e apenas o óleo e gás serem enviados para a superfície, aumentando a eficiência dos processos e chegando ao bom sonho de não termos mais plataformas e a produção ser diretamente enviada para a costa (subsea to shore).

Mas até aqui os desafios tecnológicos são imensos e problemas hoje nem observados podem se tornar importantes. Um exemplo claro de bom desenvolvimento de equipamento é o HISEP® que busca separar as correntes de líquido e gás, fazendo a reinjeção do gás no reservatório já no fundo do oceano e levando apenas o líquido à plataforma, reduzindo consideravelmente a planta de processamento primário.

Em algumas partes do mundo as embarcações utilizadas já são eletrificadas, ou mesmo a hidrogênio e outros combustíveis, reduzindo aí também a pegada de carbono da produção de petróleo.

Enquanto novas tecnologias de geração e armazenamento de energia para a dita transição energética são buscadas, outras empresas continuam numa corrida interessante para, de forma pragmática, tornar a produção de petróleo mais eficiente, mais segura, com menor custo e menor pegada de carbono.

Não há outra forma, enquanto ainda formos tão dependentes do Petróleo, e ainda seremos por um bom tempo. Precisamos de novas tecnologias para descarbonização do setor.

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