Opinião

Oportunidades com o descomissionamento no setor de O&G

O Descomissionamento abre uma nova frente no setor de óleo e gás, capaz de gerar emprego e renda, impactando diretamente a economia nacional, a pesquisa por metodologias, economia circular e ciclo de vida.

Por Marcelo Souza de Castro

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As fases de um programa de exploração e produção de um campo de petróleo podem ser extremamente longas e levar até mesmo à decisão de não exploração de um determinado campo. Entretanto, o início da produção de petróleo traz consigo uma preocupação futura, algo que ocorrerá em 20, 30 ou até mais anos do início da produção. O descomissionamento de toda a infraestrutura. Etapa tão importante quanto a própria produção em si, visto o grande potencial de impacto ambiental, por exemplo, que essa infraestrutura sem manutenção pode ter, não só no cenário offshore, como no onshore.

O IBP define o descomissionamento como o conjunto de atividades que vão desde a interrupção definitiva da produção até a destinação adequada de resíduos e rejeitos, o monitoramento e recuperação ambiental da área, passando por transporte e destinação adequada dos materiais. No Brasil esta etapa é prevista pela ANP como uma das fases de produção de um campo e regulamentada pela resolução 817/2020.

Apesar de ser relativamente recente no Brasil, o descomissionamento já é algo consolidado no mundo todo e com cada vez mais regulamentação na busca da redução do impacto ambiental possível. Mas, voltando à parte de infraestrutura, a produção de petróleo envolve uma gama de equipamentos, instalados em condições severas e até mesmo com componentes radioativos, o que torna o processo de descomissionamento caro e complexo. Um exemplo recente é o descomissionamento dos campos de Bijupirá e Salema, na Bacia de Campos, em que o campo teve sua produção encerrada em 2021 e no início de 2024 ocorreram as desconexões dos risers do FPSO Fluminense, para ser desmantelado na Dinamarca.

O descomissionamento gera inúmeras possibilidades de negócios e também bastante pesquisas para o correto descarte de todos os materiais oriundos do processo. Um FPSO, por exemplo, possui toneladas de diversos materiais que devem ser removidos e destinados corretamente e nesse processo entra em cena, por exemplo, a economia circular e a sustentabilidade.

Um ponto interessante a se pensar é por onde começar o desmanche de um FPSO, por exemplo. Qual a melhor sequência de processos para maximizar os resultados, minimizando riscos e custos? E ainda, sendo o mais sustentável possível, e com a menor geração de resíduos?

Estas são perguntas que pesquisadores em universidades e centros de pesquisas nacionais e em empresas vinculadas ao setor se deparam hoje e estão investindo em respostas e metodologias de análise que possam prever, já, a melhor maneira de descomissionar um ativo no futuro. Técnicas como gêmeos digitais, IA e digitalização geral de processos, bem como análise de ciclo de vida fornecem informações preciosas e interessantes e cenários futuros para o estudo de melhores processos.

Ainda, olhando para o cenário econômico, há todo um mercado que podemos desenvolver no Brasil utilizando a economia circular como mote. São desde métodos, tecnologias, equipamentos e infraestrutura para o descomissionamento, e até mesmo metodologias para o reuso de materiais nobres presentes na infraestrutura e de descarte de outros materiais, gerando emprego, renda e tecnologia nacional. E, assim, utilizando o setor de óleo e gás, um dos motores do PIB e do desenvolvimento brasileiro, para ser também o motor deste novo setor nacional.

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