Opinião
Wagner Victer: O voluntariado e a indústria de petróleo
Empresas devem criar mecanismos que notabilizem iniciativas como elemento importante da cultura organizacional
Meses atrás, um jovem country manager de uma empresa do setor petróleo que tive a oportunidade de acompanhar desde menino me ligou para saber o que eu achava de ele participar de um programa de voluntariado. A iniciativa seria realizada em escolas da rede pública que eu, como secretário de Educação, havia implantado em parceria com o IBP e o Junior Achievement, que é uma organização internacional.
Como resposta, o incentivei fortemente a participar e ainda recomendei que ele, como liderança maior na organização que acabava de assumir, desse a visibilidade à ação como exemplo para os funcionários.
Posteriormente, o mesmo executivo me ligou relatando o quanto aquela ação havia colaborado para o seu entendimento de seu papel como profissional, permitindo estabelecer o sentimento de que está contribuído para a sociedade e não cair no senso comum de esperar somente o Estado agir.
Segundo definição conceitual das Nações Unidas, “Voluntário é o jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem estar social ou outros campos....”.
No cenário mundial, entre os movimentos e iniciativas de destaque estão o Greenpeace, a Anistia Internacional, a ONU e o WWF. Até mesmo entidades técnicas internacionais voltadas a sistemas de conhecimento disponibilizam programas de voluntariado, como o Project Management Institute (PMI).
No Brasil, estima-se que as primeiras iniciativas voluntárias registradas surgiram com a fundação da Santa Casa de Misericórdia, na vila de Santos, em 1543. A Cruz Vermelha, por sua vez, só chega ao país no ano de 1908, sendo que o escotismo foi trazido para o Brasil em 1910 na cidade do Rio de Janeiro. Em 1942, Getúlio Vargas cria, no ambiente federal, a Legião Brasileira da Assistência (LBA). A partir dos anos 1950, surgem as primeiras Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs), que, junto às Fundações Pestalozzi, se configuram em um imenso movimento social de caráter filantrópico brasileiro.
As práticas de voluntariado têm crescido significativamente e já são incentivadas na formação educacional regular por instituições de ensino privadas e públicas desde o ensino fundamental.
Nas organizações empresariais de ponta, cada vez mais as áreas de recursos humanos (RH) reconhecem funcionários que desenvolvem espontaneamente tais práticas e, em alguns casos, já as consideram um elemento decisivo para contratação de seus novos talentos e executivos.
Certamente o potencial de crescimento na indústria de petróleo é elevadíssimo, porém as ações ainda são incipientes diante da capacidade de alavancagem desse segmento, em especial como mitigadores de imagem negativa de grande impacto que a atividade proporciona em termos ambientais.
Nesse cenário, a orientação individual do planejamento de carreira dos profissionais da indústria de petróleo deve considerar a prática do voluntariado, ao passo que as áreas corporativas de RH tem de criar mecanismos que distingam tais ações como elemento importante da cultura organizacional!