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Revista Brasil Energia | Hidrelétricas, Água e Sustentabilidade
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Meio século de Marimbondo, maior usina do rio Grande
Muito antes da atual premência climática, o Brasil começou a construir com as hidrelétricas uma matriz quase 90% renovável. A UHE de Marimbondo completa 50 anos em 2025 e faz parte dessa história
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No começo dos anos 1960 o governo federal, em associação com os estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Guanabara, contratou os serviços do consórcio Conambra, formado pelas empresas canadenses Montreal Engineering e G.E. Crippen Associates e pela estadunidense Gibbs and Hill, para fazer um amplo estudo do potencial energético das principais bacias hidrográficas do Centro-Sul do Brasil.
A iniciativa vinha na esteira do projeto desenvolvimentista alicerçado no início da década de 1950, governo Getúlio Vargas. Na segunda metade daquela década, o governo Juscelino Kubitschek deu continuidade ao plano de infraestrutura energética, com a construção da hidrelétrica de Furnas, iniciada em 1958 e inaugurada em 1963.
O relatório da Conambra, concluído em 1966, tornou-se um grande inventário do potencial hidrelétrico do país, servindo durante muito tempo como plano diretor para a expansão da fonte hidrelétrica como base da matriz elétrica brasileira. O parque gerador quase 90% limpo e renovável que o país ostenta agora começou, portanto, a ser construído muito antes da premência dessa renovabilidade trazida pelas mudanças climáticas.
Um dos principais frutos do inventário feito foi a exploração do potencial da cascata do rio Grande ao longo dos seus 1.360 km entre o Parque Nacional de Itatiaia (RJ/MG) e a foz no encontro com o Paranaíba, para formar o rio Paraná. Furnas Centrais Elétricas, subsidiária da Eletrobras e desde o ano passado 100% incorporada à holding, foi a líder desse processo.
Como resultado desse trabalho, o rio Grande tornou-se ao longo das décadas seguintes um dos complexos energéticos mais importantes do país, com 12 usinas que totalizam 7.190,2 MW. A maior delas, com 1.440 MW de capacidade, é Marimbondo, que agora em 2025 completa 50 anos de operação.
“A história de Marimbondo se entrelaça com a história de Furnas, subsidiária integralmente incorporada pela Eletrobras em 2024. Depois de colocar em operação a Usina de Furnas, entre 1963 e 1965, a empresa iniciou a exploração do potencial energético do rio Grande. A possibilidade de otimizar e controlar o regime hidrológico da bacia do rio pela gestão integrada dos reservatórios que seriam criados, ou mesmo que já existiam, a jusante da Usina de Furnas, bem como o know-how adquirido durante a construção daquela central hidrelétrica, credenciaram a empresa a capitanear outros aproveitamentos ao longo do rio”, explicou a Brasil Energia uma equipe de especialistas da Eletrobras.
A primeira das oito unidades geradoras (UGs) de 180 MW cada da usina entrou em operação comercial em outubro de 1975. A usina é a penúltima na cascata do rio, antes de Água Vermelha (1.396,2 MW), a mais próxima da foz.
De acordo com os técnicos da Eletrobras, as obras de Marimbondo começaram em 1971 e no local escolhido para sua instalação, conhecido como Salto do Ferrador ou Corredeiras de Marimbondo, existia uma PCH de 8 MW pertencente à CPFL cuja operação era incompatível com o andamento da construção da nova usina.
A solução foi Furnas comprar a pequena usina, batizada de Marimbondinho, e desativá-la. As instalações de Marimbondinho passaram então a ser utilizadas como centro de treinamento de empregados da empresa e, eliminado o obstáculo, o curso do rio Grande pode ser desviado para a construção da barragem em 1973.
O nome Marimbondo, de acordo com o site de notícias G1, decorre do fato de que no local do complexo de quedas d’água havia muitas colônias de marimbondos que se instalavam em troncos de árvores caídas das margens para o leito do rio.
A UHE Marimbondo fica entre o município paulista de Icém e o mineiro de Fronteira. Seu lago de 438 km2, com volume útil total de 6.150 bilhões de m3, banha terras dos municípios mineiros de Frutal, Planura e Fronteira e dos paulistas Icém, Barretos, Guaíra, Colômbia e Guaraci.
O reservatório corresponde a 2,64% da capacidade de armazenamento do subsistema Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO). Assim como toda a cascata do rio Grande a jusante da UHE Furnas, o armazenamento de Marimbondo é regulado pela operação do reservatório daquela usina que, sozinho, representa 17,12% do SE/CO, além das vazões incrementais.
Além das águas do rio Grande, Marimbondo recebe as contribuições do rio Pardo, um dos principais afluentes do Grande (margem esquerda).
De acordo com dados do ONS, a maior usina do rio Grande gerou nos cinco anos de 2020 a 2024 um total de 23.485 GWh, o que corresponde a 0,75% de toda a geração do SIN no período. Dos cinco, o ano de melhor desempenho foi 2023, quando houve fartura de água e a usina produziu 6.380 MWh.
Na outra ponta, 2021, ano de uma das piores crises hídricas do Brasil, a geração de Marimbondo foi de “apenas” 3.077 GWh, menos da metade do resultado de 2023. No atual começo de período úmido, em que a prioridade da operação do SIN tem sido aproveitar a hidrologia favorável para armazenar energia, a usina vem gerando próximo à metade da sua capacidade instalada.
Segundo a Eletrobras, com base em dados da Aneel, nos mesmos cinco anos a usina pagou aos municípios do seu entorno, aos estados de São Paulo e Minas Gerais e à União R$ 139,75 milhões de Contribuição Financeira pelo Uso de Recursos Hídricos (CFURH), os royalties das hidrelétricas.
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