Opinião

Desafios na descarbonização do transporte marítimo

Produção limitada de combustíveis alternativos e marcos regulatórios em constante evolução devem pesar nos fretes no futuro

Por Heitor Paiva

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A descarbonização da indústria de transporte marítimo é uma empreitada essencial, porém custosa. Este setor, responsável por quase três por cento das emissões globais de gases de efeito estufa, enfrenta um custo anual de descarbonização global que ultrapassa os US$ 100 bilhões.

No pano de fundo, encontram-se as exigências de organismos internacionais de peso, como a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), que clamam urgentemente pela transição para combustíveis mais limpos para combater as mudanças climáticas.

À medida que a indústria avança na adoção de combustíveis alternativos e tecnologias mais verdes, espera-se um aumento significativo nos custos de frete, como consequência normalmente deixada de lado em muitos debates acerca do tema. 

A Organização Marítima Internacional (IMO) estabeleceu metas ambiciosas para reduzir as emissões do setor em pelo menos 20% até 2030 e 70% até 2040, com o objetivo de alcançar emissões líquidas zero até 2050. Tais metas requerem investimentos significativos em novos navios, infraestrutura de combustíveis e avanços tecnológicos. 

Por exemplo, a transição para combustíveis neutros em carbono pode dobrar os gastos anuais com combustível para muitas empresas logísticas, afetando desproporcionalmente pequenos estados insulares em desenvolvimento e países pobres, que são particularmente sensíveis às variações nas taxas de frete devido à sua dependência das importações.

Apesar do crescente impulso pelo transporte verde, diversos obstáculos dificultam o progresso. A produção de combustíveis alternativos ainda é limitada, sem contar que os marcos regulatórios estão em constante evolução e existe uma considerável lacuna “legal” entre as diferentes localidades. 

Muitos estudos indicam que os clientes das empresas logísticas estão dispostos a pagar um prêmio pelo transporte verde, mas essa disposição está atualmente aquém do necessário para uma descarbonização significativa.

Em última análise, o caminho para a descarbonização da indústria marítima é permeado por desafios econômicos. Os custos substanciais associados à transição para práticas mais sustentáveis podem resultar em taxas de frete mais elevadas no futuro. No entanto, tais esforços são cruciais para garantir um futuro sustentável e resiliente para o comércio global – afinal de contas, desastres ambientais têm se tornado mais constantes. 

Ao equilibrar a sustentabilidade ambiental com as demandas econômicas, o transporte marítimo pode e deverá contribuir significativamente para a mitigação das mudanças climáticas, ao mesmo tempo que navega pelas complexidades financeiras impostas pelos requisitos ambientais.

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